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"Cobramos para manter a obra", diz filho de Clark
DE SÃO PAULO
Lygia Clark (1920-1988) foi
uma das artistas mais experimentais do século 20, rompendo totalmente com o objeto. As imposições da associação dirigida por seu filho
Álvaro Clark não seriam uma
contradição a isso?
"Minha mãe nasceu rica,
casou com homem rico e, na
separação, recebeu 86 apartamentos, que ela foi vendendo um a um, para fazer a
obra dela. Só não morreu pobre porque eu ajudei. Muitas
vezes não comemos goiabada com queijo porque ela não
tinha dinheiro para a feira. A
gente cobra porque é preciso,
para manter a obra dela", diz
Álvaro Clark.
Há dez anos, segundo ele,
um "Bicho" era vendido por
US$ 3.500 (R$ 6.400). "Na semana passada, ele foi vendido por US$ 584 mil (R$ 1 milhão), graças ao nosso trabalho, que incluiu uma limpeza
no mercado".
Já sobre a Bienal, ele diz
que suas exigências nunca
foram questionadas pelo curador Moacir dos Anjos.
"Ele apenas pediu a redução de custos. O que eu não
queria era que a Suely Rolnik
escrevesse sobre a Lygia,
pois ela está organizando essas exposições no Nordeste
sem sequer nos consultar.
Ela não pode usar o nome de
Lygia Clark porque a lei não
permite. O trabalho dela é
bom, mas ela não pode usar o
que é nosso", diz Clark. Rolnik não quis se manifestar.
Quanto ao livro de Maria
Alice Milliet, Clark diz que a
editora não pediu licença para publicação: "Pedimos R$
120 por imagem, mas esse valor cai de acordo com a quantidade. Tem muita gente falando sobre a associação que
não se interessa em perguntar a verdade".
(FCY)
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