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Stone diz que Lula e Chávez se parecem
Em entrevista, diretor americano fala do documentário "Ao Sul da Fronteira", que estreia nesta semana no Brasil
"Amo quando Lula diz que pagou a dívida ao FMI e queriam dar mais para viciá-lo", afirma cineasta hollywoodiano
LAURA MATTOS
DE SÃO PAULO
Não é um filme panfletário
como os de Michael Moore,
mas Oliver Stone deixa claro
que quer defender uma tese
com "Ao Sul da Fronteira". E
ela é pró Hugo Chávez.
"Mostrar o lado positivo é
importante. É um movimento de esperança", disse o cineasta à Folha, por telefone.
Ele estava na Argentina
para divulgar o documentário, que estreia nesta semana. Nos últimos dias, passou
por outros países da América
Latina com o mesmo intuito.
"Reunimos 6.000 pessoas
em Cochabamba [Bolívia].
Foi incrível ouvir os aplausos, a excitação dos índios.
Havia pobres que nunca tinham visto um filme. Também na Venezuela havia
3.000", contou o diretor de
filmes como "Platoon" (1986)
e "As Torres Gêmeas" (2006).
"Nunca tinha tido um público assim. Foi como uma
experiência antiga do cinema, tocando diretamente as
pessoas, como o cinema soviético. Isso me lembra que
filmes têm significado, que
podem afetar as pessoas."
"Ao Sul da Fronteira" se
concentra na Venezuela,
mas defende também a ideia
de que a política bolivariana
de Chávez contaminou, aqui
sem a conotação negativa da
palavra, outros países da
América Latina, que passaram a "não ceder" aos EUA.
Para isso, além de Chávez,
entrevista Cristina Kirchner,
da Argentina (e não resiste a
lhe perguntar quantos pares
de sapato tem), Evo Morales,
da Bolívia (com quem mastiga folhas de coca), Fernando
Lugo, do Paraguai, Rafael
Correa, do Equador, Raúl
Castro, de Cuba, e Lula.
"Lula e Chávez são mais
parecidos do que as pessoas
acham. Nos EUA, tentam separá-los, chamando Lula de
boa esquerda e Chávez de má
esquerda. Isso é uma imagem hipócrita para desestabilizar Chávez e buscar a colaboração de Lula. E o Lula
não vai ajudar", opina.
"Amo quando Lula diz [no
filme] que pagou a dívida ao
FMI e queriam dar mais para
viciá-lo. Amo quando diz que
Obama deve suspender o embargo a Cuba, lidar com o
Oriente Médio e convidar
Chávez à Casa Branca."
Na segunda-feira, Stone
desembarcou no Brasil sem
visto e acionou o governo,
que prontamente o liberou a
entrar no país. A gentileza foi
retribuída com um encontro
com a pré-candidata petista
Dilma Roussef, para quem
não faltou elogio. "É uma
mulher poderosa, focada."
Para Stone, Lula e os outros presidentes da América
Latina têm a "imprensa como um partido de oposição".
No documentário, afirmou
Stone à Folha, o lado negativo de Chávez está presente
quando "ele é atacado pela
imprensa norte-americana e
venezuelana". Só que o cineasta inverte os papéis e leva o público a rir das críticas.
Em "Ao Sul da Fronteira" o
"demônio" é a mídia.
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