|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA COMÉDIA
Filme ousa com fracasso abusado
Sem firulas, "O Golpista do Ano" vira pesadelo para politicamente corretos e homofóbicos
CRÍTICO DA FOLHA
Em meio a uma fase próspera da comédia americana,
"O Golpista do Ano" não pode ser considerado o exemplar mais sofisticado ou divertido do gênero. Mas talvez
seja o mais ousado.
Uma ousadia que passa
pela temática (história de
amor com cenas gays protagonizadas por grandes astros
hollywoodianos), pela mistura de gêneros (romance,
drama, filme de prisão, comédia) e pelas incontáveis
reviravoltas na trama.
Baseado em uma história
incrivelmente real, é a biografia de Steven Russell (Jim
Carrey). Religioso, pai de família, policial respeitado, decide sair do armário depois
de um acidente de carro.
Para garantir um cotidiano
glamouroso para si e o namorado (Rodrigo Santoro, em
papel mais rico que em outros trabalhos internacionais), ele vira um golpista,
vai preso e se apaixona na cadeia pelo delicado Phillip
Morris (Ewan McGregor).
Estreia na direção de Glen
Ficarra e John Requa, o filme
empilha situações inusitadas
e viradas na ação -até o ponto em que, paradoxalmente,
o tédio se instala e o interesse
sobre Russell se esvai.
O ritmo incansável não
permite que o filme se realize
plenamente em nenhum dos
gêneros pelos quais passeia.
Por outro lado, não dá para
não admirar a obstinação
dos diretores em nunca colocar o pé no freio.
Eles abordam sem firulas
lances da vida do protagonista que podem ser considerados ultrajantes por espectadores mais "sensíveis". Em
determinadas cenas, o filme
é um pesadelo tanto para os
politicamente corretos quanto para os homofóbicos.
Deve ser por isso que encontrou enormes dificuldades para conseguir um distribuidor nos EUA e vai acabar
estreando antes no Brasil.
É preciso elogiar a entrega
dos atores, em especial de
Jim Carrey, que teria trabalhado pela tabela mínima do
sindicato para fazer um papel perfeito para seu estilo
exagerado, maior que a vida.
Em uma época de filmes
corretos e inofensivos, a chegada de um fracasso abusado como "O Golpista do Ano"
não deixa de ser uma boa notícia.
(RICARDO CALIL)
O GOLPISTA DO ANO
DIREÇÃO Glenn Ficarra e John
Requa
PRODUÇÃO EUA/França, 2009
COM Jim Carrey, Ewan McGregor
e Rodrigo Santoro
ONDE nos cines Belas Artes, Villa-Lobos e circuito
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO regular
Texto Anterior: Crítica / Documentário: Cineasta discute o poder da imagem em longa sobre o presidente venezuelano Próximo Texto: Documentário acompanha os Stones "exilados" na França Índice
|