São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2001

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Folha publica com exclusividade dois manuscritos deixados pela poeta goiana

Família encontra poemas inéditos de Cora Coralina


Cerca de 40 textos não publicados da escritora devem virar livro pela Global Editora até o final deste ano


ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Cerca de 40 poemas inéditos de Cora Coralina devem ser lançados em livro até o final do ano. O material foi encontrado por familiares da mais famosa poeta goiana, morta em 1985, durante o trabalho de reconstituição de seu acervo, iniciado há dois anos.
A Folha teve acesso e publica com exclusividade os versos de "Assim Vejo a Vida" e "Mascarados". Característica da obra de Cora, os poemas exaltam a Cidade de Goiás, onde a poeta nasceu em 1889.
"Trata-se de uma obra com forte influência modernista e engajamento social. Há momentos em que acontece uma espécie de fusão entre a poeta e a Cidade de Goiás", disse a professora da faculdade de letras da Universidade Federal de Goiás Goiandira Ortiz de Camargo.
Para a filha de Cora, a professora Vicência Brêtas Tahan, há material para pelo menos mais um livro. Ela está organizando a edição, que deverá sair pela Global -ainda sem preço definido. "Temos uns seis cadernos com poesias, contos e cartas, sem contar uma pasta com manuscritos que não puderam ser aproveitados."
Os manuscritos estão sendo revistos e copiados para evitar que se percam. "Há cartas que não foram enviadas, textos comentando artigos de jornais e outros de forte cunho social", disse Vicência, que detém os direitos de publicação.
A Associação Casa de Cora Coralina, na Cidade de Goiás, também está contribuindo para manter o acervo da poeta intacto. "Pretendemos escanear e microfilmar todo o material existente para apresentá-lo em CD-ROM", disse a presidente da entidade, Marlene Velasco.
Autodidata, Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas iniciou a carreira literária aos 14 anos, contrariando os costumes do começo do século. Em 1910, publicou seu primeiro conto, "Tragédia na Roça", no "Anuário Histórico, Geográfico e Descritivo do Estado de Goiás". Na época, já usava o pseudônimo de Cora Coralina.
Depois de se casar com o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas, com quem teve quatro filhos, mudou-se para São Paulo, onde viveu 45 anos. "Não há referência desse período em seus poemas", diz Camargo.
Somente 11 anos após retornar à cidade natal, já viúva, é que Cora voltou a se dedicar à literatura. Quando o livro "Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais" foi publicado, em 65, ela tinha 67 anos.
Depois vieram "Meu livro de Cordel" (76), "Vintém de Cobre -°Meias Confissões de Aninha" (83), "Estórias da Casa Velha da Ponte" (85) e "O Tesouro da Casa Velha da Ponte" (89). Postumamente, foram lançados os infantis "Os Meninos Verdes" (86) e "A Moeda de Ouro que um Pato Comeu" (97). Todos os títulos serão relançados pela Global Editora.



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