São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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Brasileira brilha em nova criação de Pina Bausch

Ruth Amarante foi elogiada pelo "Le Monde" por sua atuação em "Rough Cut"

Temporada em Paris da nova coreografia do grupo alemão, inspirada na Coréia do Sul, termina hoje com os ingressos esgotados

Divulgação
Ruth Amarante é levantada por colega na nova coreografia


LUCIA MONTEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

A temporada da Tantztheater Wuppertal em Paris se encerra hoje com recordes de sucesso para a companhia que Pina Bausch dirige desde os anos 70. Foram 15 dias no Théâtre de la Ville com a casa lotada, ou seja, quase 15 mil pessoas assistiram a "Rough Cut".
Os ingressos, de 23 a 30 (entre R$ 64 e R$ 83), esgotaram-se antes da estréia. Até ontem, cerca de cem pessoas ainda faziam fila nos sites de revenda, de olho em improváveis desistências na platéia.
Quando se trata de Pina Bausch, essa é a regra. O corre-corre deve se repetir na temporada brasileira (São Paulo e Porto Alegre), em agosto e setembro, com a montagem de "Para as Crianças de Ontem, Hoje e Amanhã", de 2002 [leia texto nesta pág.]. "Rough Cut" não segue ao Brasil desta vez.
Fruto de um estágio de três semanas da trupe alemã na Coréia do Sul, no ano passado, "Rough Cut" tem na brasileira Ruth Amarante sua grande estrela. Cúmplice emérita de Pina Bausch depois de muito tempo, ela se apresenta em seu estado máximo, com enorme inventividade e exasperação.
"Lívida em seu vestido branco, Ruth é responsável por alguns dos raros acessos intempestivos do espetáculo, com irrupções de tirar o fôlego", escreveu o jornal "Le Monde".
"Este espetáculo é uma mistura entre as impressões da Coréia e as loucuras de cada bailarino", diz Amarante. A parte pessoal ficou mais forte. O toque coreano foi Pina que deu, no final.

Sonho e suspense
"O cenário é um iceberg gigante. Em frente a ele (e em cima, nos momentos de escalada), os dançarinos desfilam seus solos, duos e trios, encadeados numa estrutura cíclica, que se repete e se modifica a cada vez. Eles brincam com fogo, água, troncos de árvore e cadeiras, numa atmosfera ao mesmo tempo de sonho e de suspense. Como o próprio título diz, a idéia é de uma coreografia inacabada, em fase de construção.
Aos 43 anos de idade e há 15 na companhia de Pina Bausch, a ex-médica divide seu tempo em Paris entre os compromissos de bailarina e os passeios com as duas filhas. O pai, o colombiano Jorge Puerta Armenta, que também dança no grupo, fica com as meninas de noite (ele não está nesta peça).
A rotina da Tantztheater Wuppertal segue assim: aula de manhã, crítica à tarde e apresentação à noite. "Crítica" é o momento em que os dançarinos ouvem os comentários sobre seu desempenho e procuram aprimorá-lo.
Diferente do Balé da Cidade de São Paulo e da holandesa Nederlands Dans Theater, que criaram divisões exclusivas para os seniores, com Pina Bausch o novato dança lado a lado com o veterano. "Dá para ver no palco a bagagem do mais experiente e a energia do mais jovem", afirma Amarante.


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