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Calil e artistas acenam com acordo
Após admitir erros em edital de fomento ao teatro, secretário propõe desburocratizar prestação de contas
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No início da polêmica sobre
alterações publicadas no 11º
edital da Lei de Fomento, em
maio, o secretário municipal
Carlos Augusto Calil (Cultura)
suspeitava de que artistas e
produtores de teatro de São
Paulo tentavam "politizar" o
debate, pelo "tom agressivo"
com que foi abordado em cartas e manifestações públicas.
Dias depois, Calil elogiou justamente a "reunião política de
alto nível" que, em sua opinião,
restabeleceu o diálogo na sexta
passada. Entre os interlocutores que recebeu em seu gabinete, estavam os diretores José
Renato, fundador do Teatro de
Arena; César Vieira, do Teatro
União e Olho Vivo; e representantes da Câmara Municipal e
da Assembléia Legislativa.
Conclusão: Calil admitiu "erros por excesso de zelo" de sua
equipe, erros técnicos em conflito com o já estabelecido em
lei (como o número de indicados à comissão). Corrigiu-os e
republicou o edital, prorrogando as inscrições para até 23/7.
E os artistas, representados
sobretudo pela Cooperativa
Paulista de Teatro, reativaram
a capacidade de articulação que
está na origem do Programa
Municipal de Fomento em São
Paulo, em vigor há cinco anos: o
movimento Arte contra a Barbárie, união de grupos que, a
partir do fim dos anos 90, gera
documento paradigmático das
políticas públicas para o setor.
Na sexta, sobrou até para um
carregador de cocos, "contratado" por artistas para transportar em seu carrinho, da praça D.
José Gaspar, sede da cooperativa, à Galeria Olido, base da secretaria da Cultura, os 59 projetos de grupos inscritos no edital. "A cordialidade, como disse
o secretário, voltou à mesa", diz
Ney Piacentini (Cia. do Latão),
presidente da cooperativa.
Mas restam arestas quanto à
prestação de contas. Piacentini
diz que os grupos não se negam
a fazê-la, pois "defendem a
transparência e o acompanhamento da secretaria desde o começo". O problema seriam
"procedimentos burocráticos".
Em correspondência enviada
a César Vieira, Calil reconhece
a queixa e propõe transformar
as três etapas previstas de prestação de contas em uma só, a
ser realizada "até 60 dias do
término do projeto". A cooperativa estuda a sugestão.
Em dois editais por semestre,
o fomento reparte cerca de 9
milhões aos núcleos de pesquisa -foram 30 em 2006. Segundo Piacentini, o programa atingiria hoje cerca de 10% da população de São Paulo (ou 1,5
milhão de pessoas), entre espectadores e trabalhadores.
A cooperativa deve publicar
neste ano um livro com balanço
dos cinco anos da lei pelos pesquisadores Iná Camargo Costa
e Dorberto Carvalho.
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