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Crítica
Tempo foi cruel com as grandes idéias de Wyler
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Ninguém mais estuda os filmes de William Wyler. Estuda-se muito mais Peter Greenaway, por exemplo. Mas Greenaway é óbvio, enquanto Wyler é
um mistério.
Tome-se "Rosa da Esperança" (TCM, 17h45), seu filme de 1942. Para ficar só no início, Wyler sabe mostrar uma cidade explorando a profundidade de campo como ninguém.
Depois, dedica-se a detalhar a
vida de uma família inglesa
abastada: compras, gostos,
idéias, discussões.
Wyler sabe como relevar a
arte de um bom fotógrafo, como explorar o alto e o baixo de
uma cena, tanto quanto as
nuances psicológicas dos personagens. E, no entanto, todas
essas artes -que tanto impressionaram seus contemporâneos- hoje nos parecem meramente cosméticas, como se nos
desviasssem do assunto.
Por que isso acontece? É um
mistério. Talvez Wyler parecesse, em sua época, mais profundo do que era. O tempo, no
cinema, costuma ser cruel com
as grandes idéias.
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