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Série expõe erros e egos inflados dos médicos
"Nurse Jackie" tem Edie Falco, de "Família Soprano", como estrela principal
Protagonista é enfermeira com ética torta e que quer consertar o mundo com analgésicos; canal dos EUA já pediu nova temporada
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois que "ER" abriu o caminho, as séries médicas invadiram todos os terrenos. Desde
o drama da precursora, até comédia ("Scrubs"), romance
("Grey's Anatomy") ou o humor negro ("House").
Aproveitando que esta última está em férias, o canal americano Showtime resolveu lançar "Nurse Jackie" (ainda sem
previsão de chegar ao Brasil).
Estrelada por Edie Falco (a
matriarca de "Família Soprano"), vê o cotidiano de um hospital a partir de uma enfermeira viciada em analgésicos. Parece que ela quer resolver todas
as dores -não só as dela, mas
do mundo- à base de Vicodin.
Numa espécie de charada,
pergunta: "Como se chama
uma enfermeira com dor nas
costas?". Ela mesma responde,
sarcástica: "Desempregada". É
o motivo para entornar vários
comprimidos de uma vez logo
no capítulo de estreia, embora
o normal seja poupá-los como
se fossem raridade. Afinal, ela
não os consegue com receita,
mas transando com um médico
do trabalho. E ele nem sabe que
ela é casada e tem duas filhas.
Para Jackie, os doutores são
um bando de egocêntricos despreparados. O primeiro paciente morre por negligência de um
deles. Ela falsifica o atestado de
doador de órgãos com a justificativa: "É uma vergonha, mas
não será um desperdício". E sua
consciência fica tranquila.
Os médicos se vangloriam
por salvar pessoas e até cantam,
felizes, se estão diante de um
caso interessante. Jackie não.
Jackie rouba para dar remédios
a necessitados. Mente para ajudar. Sacaneia um espancador
de mulheres para fazer justiça.
Desfia uma batelada de procedimentos de ética duvidosa para um bem maior. Estaria certo? Ela não quer saber, está a
serviço de salvar o mundo dele
mesmo, numa espécie de madre Teresa de Calcutá torta. Ela
pede: "Ó, Deus, me faça uma
pessoa boa. Mas ainda não".
Fica uma impressão de que
os médicos sempre chutam. As
enfermeiras enganam. Não há
heróis. O mundo de Jackie se
divide entre mortos e sobreviventes que fazem o possível.
Os pacientes tampouco têm
glamour. São chatos e reclamões. Mas seu trabalho é servi-los. "Médicos fazem diagnósticos. Nós, enfermeiras, curamos", explica a uma novata.
A primeira leva reúne 12 episódios, ainda em exibição nos
EUA. Mas, com uma audiência
recorde para o canal em sua estreia, de mais de 1 milhão de
pessoas, já foi encomendada
uma nova temporada.
Outra particularidade deve
garantir a longevidade do programa. São só 30 minutos, o
que facilita a inserção na grade.
O produtor Richie Jackson disse ao "New York Post" que a duração "balanceia bem a complexidade e o absurdo das situações de vida e morte de Jackie".
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