Pioneira dos choros brasileiros é tema de livro-CD, que sai no dia 11

Compositora de "Desalento" e "Ó Abre Alas", pianista se destacou já na segunda metade do século 19

DE SÃO PAULO

À frente do seu tempo nos modos sociais e na música, Chiquinha Gonzaga foi compositora, pianista e a primeira "chorona", muito influente no fim do século 19 e começo do século 20.
É dedicado a ela o 18º volume da Coleção Folha Raízes da Música Popular Brasileira, nas bancas no próximo domingo.
Com pai militar e mãe filha de escrava alforriada, Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu no Rio em 1847. Pianos eram comuns nos lares cariocas e desde jovem ela teve aulas de música.
Aos 16 anos, se casou, seguindo costumes e tradições familiares e de sua época. O casamento durou cinco anos.
Em fins da década de 1860, Chiquinha conhece músicos como o flautista e compositor Joaquim Antônio da Silva Callado, organizador dos primeiros conjuntos de choro -então estilo nascente, tipicamente brasileiro, derivado de polca, lundu e modinha.
Nos anos de 1870, Chiquinha lança polcas, valsas e tangos, como "Desalento", "Harmonias do Coração", "Sedutor", "Não Insistas Rapariga" e os sucessos "Atraente" e "Sultana".
Escrevendo música para teatro, criou para uma opereta o "Corta-Jaca", até hoje um clássico do choro. Em 1889, estreou a tradição de músicas de Carnaval, escrevendo "Ó Abre Alas" para o cordão Rosa de Ouro.
Chiquinha era uma mulher divorciada e profissional da música, que viajou pela Europa e teve o "Corta-Jaca" apresentado no Palácio do Catete.
Tocava com o grupo do músico Callado em festas, dava aulas de piano e canto, desenhava os próprios vestidos, causava espanto e admiração. Viveu até os 88 anos.
O autor do volume sobre Chiquinha Gonzaga é o músico e escritor Henrique Cazes, em edição com biografia, discografia, letras e fotos.
O CD traz "Corta-Jaca", com Abel Ferreira, "Plangente", com Clara Sverner, "Atraente", com Pixinguinha e Benedito Lacerda, e outras.


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