FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Começou nesta semana o trabalho de limpeza interna que antecederá as obras de recuperação das ruínas do teatro Guarany, em Santos (SP).
Primeiro teatro de Santos, inaugurado em 1882 em homenagem aos compositores Carlos Gomes e Giuseppe Verdi, o Guarany é considerado uma das pérolas do centro histórico da cidade, a maior do litoral paulista.
No final do século 19, recebia montagens de companhias teatrais e de ópera do Brasil e do exterior. Abrigou reuniões e manifestações dos movimentos abolicionista e republicano. Após 1904, funcionou como cinema, um dos pioneiros da atividade no país.
O imóvel está em ruínas desde o incêndio de 1981, que destruiu a parte interna. Restaram as paredes externas, que serão restauradas conforme as características originais. Dias após o incêndio, o prédio foi tombado pelo Condephaat (Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico).
Para recuperar o teatro, a prefeitura negociou a compra do imóvel com os proprietários por R$ 265 mil, em cinco parcelas.
De acordo com o vice-prefeito e secretário municipal do Planejamento, engenheiro João Paulo Tavares Papa, a limpeza inicial consistirá da remoção da vegetação que cresce internamente desde o incêndio. O objetivo é saber se ainda há algo a ser reaproveitado das instalações.
Depois disso, representantes dos segmentos culturais da cidade serão chamados para discutir o uso a ser dado ao imóvel, que, entre outras alternativas, poderá voltar a funcionar como teatro ou vir a ser transformado em centro cultural ou escola de teatro.
Segundo o secretário, o preço estimado para a recuperação é de R$ 4 milhões, que sairão do orçamento municipal do próximo ano, de verbas estaduais para o turismo às quais o município tem direito ou de recursos privados aplicados com base na Lei Rouanet, de incentivo à cultura.
Se consumado o projeto de recuperação, o centro histórico de Santos voltará a contar com dois teatros que evocam a fase áurea da economia cafeeira na cidade. Iniciadas em 1996, as obras de restauração do Coliseu (1924), que abrigou artistas como Villa-Lobos e Nijinsky, ainda não estão concluídas.



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