São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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Wilco traz mistura sonora e atitude

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

A história do lançamento do disco "Yankee Hotel Foxtrot" (2001) resume perfeitamente o tipo de som e de atitude que os norte-americanos do Wilco vão trazer ao país para seu show no Tim Festival, em outubro.
Após gravar a mistura sonora de folk, country, rock e experimentalismo que originou o álbum, seu quarto, a banda brigou com a gravadora, que achava o disco comercialmente inviável, e comprou as fitas da gravação. Vazou-as na internet e esperou pela reação dos fãs, que baixaram as músicas e compareceram aos shows, levando a gravadora a recomprar o álbum e lançá-lo como a banda queria. O resultado foi aclamação por parte da crítica.
Espremidos no festival entre a grande expectativa (os Strokes) e os mais recentes queridinhos da crítica (o Arcade Fire), o líder Jeff Tweedy e seus parceiros prometem fazer um apanhado da carreira. Em entrevista à Folha, Tweedy falou sobre a vinda, a banda e a postura em relação à internet.

 

Folha - Como você descreveria o som do Wilco para um brasileiro que não conhece o grupo?
Jeff Tweedy -
Bem... é uma pergunta difícil... Acho que é rock com uma atitude de curiosidade. Nós encaramos a música com uma abordagem bem ampla, utilizando várias fontes, fazendo uma coisa experimental que tem elementos de folk, punk, rock. Somos curiosos musicalmente, ouvimos muitas coisas diferentes e o resultado é... bem, Wilco.

Folha - E quem ouve a banda?
Tweedy -
Eu não sei exatamente qual a cara do fã da banda. Atualmente temos tido bastante público jovem, mas a faixa etária é muito ampla, no geral -há desde gente mais velha e fã de country até jovens interessados em rock alternativo. Tenho muito orgulho de saber que não temos um estereótipo de fã. Fazemos muitas turnês e tentamos tomar conta do nosso público, mantendo baixo o preço dos ingressos, permitindo que os fãs gravem os shows, fazendo apresentações longas.

Folha - Além de permitir gravações, vocês também estimulam a troca de arquivos pela internet. Com a recente decisão da Suprema Corte dos EUA contra esse tipo de troca, você acredita que os internautas estão perdendo a guerra?
Tweedy -
Eles certamente perderam essa batalha, mas o fato é que a tecnologia que permite a troca de arquivos existe -e, com isso, a guerra já está ganha. As corporações vão continuar vencendo algumas batalhas ocasionalmente, mas, a menos que eles queiram acabar com a internet, a troca de arquivos vai continuar existindo.

Folha - E o argumento de que a troca de música na rede prejudica os artistas, reduzindo as vendas?
Tweedy -
É obviamente falso. As gravadoras criam seus próprios problemas. Se eu fosse o presidente de uma empresa que tira seus lucros do interesse que as pessoas têm por música, estaria pulando de alegria pelo fato de as pessoas estarem trocando e ouvindo música na internet.

Folha - Vocês já começaram a gravar o próximo álbum? Haverá músicas novas nos shows do Brasil?
Tweedy -
Vamos fazer as sessões iniciais este mês, tocar, trabalhar com o material que temos e decidir o que queremos fazer. Como é a primeira vez que nos apresentamos no país, certamente vamos fazer um apanhado dos discos.


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