São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2006

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO @ - ultimamoda@folhasp.com.br

África espanta o tédio do Ocidente

Crítica francesa explica por que a moda africana é o novo hype

A cultura africana tomou conta da última São Paulo Fa- shion Week, em julho. Ela serviu de tema para o evento e para as coleções de vários estilistas, como Lino Villaventura e Alexandre Herchcovitch. A "onda africana" também invadiu a França, como explica a crítica de arte Bérénice Geoffroy-Schneiter, autora de "L'Afrique Est a la Mode" (a África está na moda). Publicado pela prestigiosa editora Assouline, o livro apresenta alguns dos principais estilistas africanos. "O Ocidente está entediado. Nossa cultura passa outra vez pela África", diz a crítica.

 

FOLHA - Qual a razão desta nova fascinação pela África? BÉRÉNICE GEOFFROY-SCHNEITER - O Ocidente está entediado. Vivemos num mundo muito uniforme. Temos necessidade de sonhar outras culturas, outras formas de ser. É claro que não podemos esquecer que a África é também terrível, com suas guerras e doenças. Mas, ao mesmo tempo, é um continente fascinante, com uma cultura riquíssima e uma enorme contribuição a dar a nossa época. A África inspira a moda mundial, mas ela também faz hoje a sua própria moda. Os jovens estilistas do continente estão engajados com a modernidade e são criadores no sentido amplo do termo, interessados nas várias artes, na tradição e no pop. Xuly Bët, por exemplo, mostra em suas roupas uma África urbana e do asfalto. É um ídolo entre os jovens africanos.

FOLHA - Qual é a característica da atual "onda africana"?
GEOFFROY-SCHNEITER -
Na França está havendo uma verdadeira histeria pela África nos museus, nas galerias e até na moda. Mas é diferente da do começo do século 20, quando os cubistas recorreram em parte à arte da África para romper com o academismo. Creio que, hoje, a moda africana exerce no imaginário dos criadores -e não apenas dos estilistas- o papel que as máscaras tiveram para os modernistas no início do século 20. A nossa cultura passa outra vez pela África e, agora, pela moda feita no continente.

FOLHA - Qual a importância da moda para a África?
GEOFFROY-SCHNEITER -
Falamos genericamente em África, mas não podemos esquecer que se trata de um conjunto de países muito diferentes e com culturas muito diversas. Em termos gerais, a moda tem grande importância econômica e também social no continente, ao possibilitar a emancipação das mulheres, sobretudo se pensarmos na África muçulmana.


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