Charlotte Perriand, que assinou projetos de mobiliário com Le Corbusier, tem exposição dentro da 1ª Bienal Brasileira de Design; mostra vai até domingo

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Sua jovem figura aparece numa foto, reclinada sobre a chaise longue, a cabeça virada para esconder o rosto. Esta imagem tornou-se, para mim, a expressão palpável -síntese humanizada de toda a genial elucubração [...] que Le Corbusier estava então em vias de formular."
A frase do arquiteto e urbanista Lucio Costa (1902-1998) presente na mostra "Charlotte Perriand, 1903-1999" -parte da 1ª Bienal Brasileira de Design- confere uma dimensão afetiva e analítica a um dos principais nomes do design moderno. "Artista maior do século 20", como frisa texto da mostra, Perriand é pouco conhecida no Brasil. A exposição-tributo, organizada pelo Centre Georges Pompidou, o Beaubourg, vai só até domingo, na Oca, em São Paulo.
A "chaise longue" citada por Costa, conhecida por "B 306", é um dos principais projetos de Perriand, assinada também por Corbusier (1887-1965) e Pierre Jeanneret (1896-1967), em 1928. Feita em aço tubular de avião nos pés e aço cromado na estrutura, é o resumo do ideário da arquitetura moderna transposto para o mobiliário interior. É um dos destaques da exposição.
A mostra apresenta em ordem cronológica a trajetória de Perriand, que começou a desenvolver seus projetos modernos com o "Bar do Sótão" (1927). Criou para seu apartamento na praça Saint-Sulpice, Paris, um bar-balcão de grande mobilidade, que utiliza aço e alumínio no reduzido espaço.
Com maquetes, animações, farta iconografia, reconstituição da engajada fotomontagem "La Grande Misère de Paris" (1936) e um módulo dedicado ao Brasil, onde vinha constantemente nos anos 60 -seu marido era diretor da Air France para a América Latina-, a mostra tem curadoria impecável.