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Morre uma das maiores sopranos alemãs
Intérprete de óperas de Mozart e Wagner, Elizabeth Schwarzkopf morreu ontem aos 90 anos
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Morreu ontem aos 90 anos a
soprano Elizabeth Schwarzkopf, um dos timbres mais puros e intimistas do repertório
germânico no século 20.
Ela viveu seus últimos anos,
modestamente, na cidade austríaca de Schruns. Sua morte,
por motivos não revelados,
ocorreu à 1h15, hora local
(20h15 de quarta, em Brasília).
Schwarzkopf, grande intérprete das óperas de Mozart,
Wagner e Richard Strauss, foi
tão cultuada quanto Maria Callas, a grande soprano do século
no repertório italiano.
Filha de um professor, nasceu em na cidade alemã de Jarotschin (hoje Jarocin, Polônia). Mudou-se para Berlim,
onde estudou na Hochschule
für Musik e se formou em piano
e canto. Aos 24 anos, filiou-se
ao Partido Nacional Socialista,
decisão para a qual disse ter sido pressionada.
Passou a interpretar papéis
secundários a partir de 1938 na
Statsoper. O maestro Karl
Böhm a convidou para se apresentar na Ópera de Viena, mas
ela permaneceu internada um
ano com tuberculose.
Sua carreira como "diva absoluta" começou em 1944,
quando conheceu Walter Legge, com quem se casaria e que
se tornou o grande produtor de
música erudita para o selo EMI.
A cantora -que adquiriria
sucessivamente as nacionalidades britânica e austríaca-
integrou a geração de musicistas capazes de, pela primeira
vez, em razão dos LPs, da alta
fidelidade e a seguir do som estereofônico, gravar óperas em
versões integrais e manter
grande presença fonográfica.
Trabalhou com os grandes
maestros de seu tempo, de Arturo Toscanini a Herbert von
Karajan, de Wilhem Furtwängler a Victor de Sabata. Foi escolhida por Igor Stravinsky para a estréia mundial de "The
Rake's Progress" (1951), e por
Cark Orff para a de "O Triunfo
de Afrodite" (1953).
Passou a cantar também nos
Estados Unidos a partir de
1953. Sua primeira aparição em
Chicago está na origem de uma
anedota que correu o mundo.
"E ela também canta!", exclamou um crítico, depois de se
deliciar com seu visual de mulher alta e bonita em cena.
Sua última aparição numa
ópera ocorreu em 1971, como
Marechala, de "O Cavaleiro da
Rosa", de Richard Strauss. Deu
recitais de lieder até 1979, dias
antes da morte do marido.
Legge deixou dívidas. Ela as
pagou com as reservas que havia economizado para uma velhice confortável.
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