São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2006

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Morre uma das maiores sopranos alemãs

Intérprete de óperas de Mozart e Wagner, Elizabeth Schwarzkopf morreu ontem aos 90 anos

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Morreu ontem aos 90 anos a soprano Elizabeth Schwarzkopf, um dos timbres mais puros e intimistas do repertório germânico no século 20.
Ela viveu seus últimos anos, modestamente, na cidade austríaca de Schruns. Sua morte, por motivos não revelados, ocorreu à 1h15, hora local (20h15 de quarta, em Brasília).
Schwarzkopf, grande intérprete das óperas de Mozart, Wagner e Richard Strauss, foi tão cultuada quanto Maria Callas, a grande soprano do século no repertório italiano.
Filha de um professor, nasceu em na cidade alemã de Jarotschin (hoje Jarocin, Polônia). Mudou-se para Berlim, onde estudou na Hochschule für Musik e se formou em piano e canto. Aos 24 anos, filiou-se ao Partido Nacional Socialista, decisão para a qual disse ter sido pressionada.
Passou a interpretar papéis secundários a partir de 1938 na Statsoper. O maestro Karl Böhm a convidou para se apresentar na Ópera de Viena, mas ela permaneceu internada um ano com tuberculose.
Sua carreira como "diva absoluta" começou em 1944, quando conheceu Walter Legge, com quem se casaria e que se tornou o grande produtor de música erudita para o selo EMI.
A cantora -que adquiriria sucessivamente as nacionalidades britânica e austríaca- integrou a geração de musicistas capazes de, pela primeira vez, em razão dos LPs, da alta fidelidade e a seguir do som estereofônico, gravar óperas em versões integrais e manter grande presença fonográfica.
Trabalhou com os grandes maestros de seu tempo, de Arturo Toscanini a Herbert von Karajan, de Wilhem Furtwängler a Victor de Sabata. Foi escolhida por Igor Stravinsky para a estréia mundial de "The Rake's Progress" (1951), e por Cark Orff para a de "O Triunfo de Afrodite" (1953).
Passou a cantar também nos Estados Unidos a partir de 1953. Sua primeira aparição em Chicago está na origem de uma anedota que correu o mundo. "E ela também canta!", exclamou um crítico, depois de se deliciar com seu visual de mulher alta e bonita em cena.
Sua última aparição numa ópera ocorreu em 1971, como Marechala, de "O Cavaleiro da Rosa", de Richard Strauss. Deu recitais de lieder até 1979, dias antes da morte do marido.
Legge deixou dívidas. Ela as pagou com as reservas que havia economizado para uma velhice confortável.


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