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8ª FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY
"Puro-sanguismo tem seu preço", diz Flip
Organizadores da festa literária ressaltam perfil não comercial do evento como justificativa para gasto público
Edição que começa hoje tem orçamento de R$ 6,3 milhões; R$ 1,2 milhão vai para projetos estratégicos em Paraty
DE SÃO PAULO
Segundo o arquiteto Mauro Munhoz, diretor-presidente da Casa Azul, associação
que organiza a Flip, o apoio
crescente do Estado deve ser
celebrado como reconhecimento ao perfil menos conhecido da festa: de revitalização urbana e desenvolvimento sustentável.
Ele destaca o plano estratégico de transformar Paraty
em referência nacional em
turismo cultural, a instalação
de 31 pequenas bibliotecas
no município, o programa de
leitura literária na rede municipal de ensino e o projeto para construir uma praça-biblioteca no Parque da Mangueira, uma das áreas mais
violentas da cidade.
Dos R$ 6,3 milhões do orçamento, R$ 1,2 milhão é
aplicado nessas iniciativas.
"A Flip é um projeto puro-sangue, voltado para literatura e para políticas públicas
do território. O puro-sanguismo tem seu custo: não colocamos estandes, não é uma
feira comercial. A Flip se
enraizou na geografia humana do local", diz Munhoz.
O arquiteto destrinchou os
projetos numa audiência
com o governador do Rio,
Sérgio Cabral (PMDB). "Ele ligou na hora para a secretária
de Turismo, viu que tinha o
recurso e aprovou", conta.
Em nota, a Secretaria Estadual de Turismo, Esporte e
Lazer do RJ justificou que Paraty é "um dos 65 destinos indutores do Brasil, cidade
com circulação de milhares
de turistas e parceira na divulgação da imagem do Estado para todo o mundo, (...)
trazendo divisas para toda a
região" e disse que a verba
será usada "na gestão executiva do evento".
Segundo o Ministério do
Turismo, o projeto de apoio à
Flip é de R$ 203 mil: a pasta
entra com R$ 195 mil, o resto
é contrapartida. A verba será
usada em infraestrutura (locação de gerador, iluminação e sonorização).
A Flip busca ainda desde
2005, sem êxito, o patrocínio
da Petrobras. A estatal alegou "restrições orçamentárias" para não dar apoio financeiro ao evento.
EM QUALQUER LUGAR
Idealizadora da festa, a
editora britânica Liz Calder
lembra que nos primórdios
conseguir dinheiro era mais
duro, pois ninguém conhecia
a Flip. "Mas sempre é difícil
conseguir patrocínio, em
qualquer evento cultural de
qualquer parte do mundo."
(FABIO VICTOR)
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