São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2010

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8ª FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY

"Puro-sanguismo tem seu preço", diz Flip

Organizadores da festa literária ressaltam perfil não comercial do evento como justificativa para gasto público

Edição que começa hoje tem orçamento de R$ 6,3 milhões; R$ 1,2 milhão vai para projetos estratégicos em Paraty


DE SÃO PAULO

Segundo o arquiteto Mauro Munhoz, diretor-presidente da Casa Azul, associação que organiza a Flip, o apoio crescente do Estado deve ser celebrado como reconhecimento ao perfil menos conhecido da festa: de revitalização urbana e desenvolvimento sustentável.
Ele destaca o plano estratégico de transformar Paraty em referência nacional em turismo cultural, a instalação de 31 pequenas bibliotecas no município, o programa de leitura literária na rede municipal de ensino e o projeto para construir uma praça-biblioteca no Parque da Mangueira, uma das áreas mais violentas da cidade.
Dos R$ 6,3 milhões do orçamento, R$ 1,2 milhão é aplicado nessas iniciativas.
"A Flip é um projeto puro-sangue, voltado para literatura e para políticas públicas do território. O puro-sanguismo tem seu custo: não colocamos estandes, não é uma feira comercial. A Flip se enraizou na geografia humana do local", diz Munhoz.
O arquiteto destrinchou os projetos numa audiência com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). "Ele ligou na hora para a secretária de Turismo, viu que tinha o recurso e aprovou", conta.
Em nota, a Secretaria Estadual de Turismo, Esporte e Lazer do RJ justificou que Paraty é "um dos 65 destinos indutores do Brasil, cidade com circulação de milhares de turistas e parceira na divulgação da imagem do Estado para todo o mundo, (...) trazendo divisas para toda a região" e disse que a verba será usada "na gestão executiva do evento".
Segundo o Ministério do Turismo, o projeto de apoio à Flip é de R$ 203 mil: a pasta entra com R$ 195 mil, o resto é contrapartida. A verba será usada em infraestrutura (locação de gerador, iluminação e sonorização).
A Flip busca ainda desde 2005, sem êxito, o patrocínio da Petrobras. A estatal alegou "restrições orçamentárias" para não dar apoio financeiro ao evento.

EM QUALQUER LUGAR
Idealizadora da festa, a editora britânica Liz Calder lembra que nos primórdios conseguir dinheiro era mais duro, pois ninguém conhecia a Flip. "Mas sempre é difícil conseguir patrocínio, em qualquer evento cultural de qualquer parte do mundo." (FABIO VICTOR)

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