São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2010

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Evento aumenta venda de livros dos autores convidados

Apesar de crescimento pouco expressivo, festa literária é boa vitrine para escritores

ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO

Em outubro do ano passado, o diretor comercial da Editora Global, Richard Alves, ouviu um boato animador: de que o sociólogo Gilberto Freyre -um dos principais nomes da editora- seria homenageado na Flip de 2010. "Primeiro foi um zum-zum, depois a organização entrou em contato com a família, para saber se alguém se opunha", ele lembra.
Firmado o acordo, Alves teve a certeza de que sua galinha dos ovos de ouro -o livro "Casa Grande & Senzala", de Freyre- acabara de ter o quilate depurado.
O otimismo não era em vão. De acordo com dados da editora, o livro vendeu 2.014 cópias de maio a junho deste ano -34% a mais do que os 1.502 exemplares comercializados no mesmo período do ano passado.
Dos sete autores homenageados pela Flip até a presente edição, três deles -Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues e Manuel Bandeira, todos da Ediouro- também aumentaram as vendas em cerca de 30% nos meses que antecederam o evento.
No intuito de constatar a influência comercial da Flip, a Folha pediu a seis editoras que levantassem dados sobre alguns autores que protagonizaram as últimas duas edições do evento.
Cia das Letras, Objetiva, Cosac Naify e Ediouro responderam, com números absolutos ou percentuais. Via de regra, observou-se um aumento de vendas em julho -mês em que ocorre o evento (o deste ano acontece em agosto, em razão da Copa).

CONSOLIDAÇÃO
Em alguns casos, como o do francês Pierre Bayard, palestrante em 2008, a exposição ocasionada pelo vinda a Paraty fez com que, naquele ano, seu livro "Como Falar de Livros que Não Lemos" vendesse 355% a mais em julho do que no mês anterior.
Embora, em termos concretos, a diferença fosse pouca (227 livros), em termos de imagem, ela consolidava o autor no mercado.
Treze autores publicados pela Cia das Letras participaram das últimas duas edições da Flip. Desses, nove tiveram aumento de vendas durante o mês do evento. Em 2008, o livro "McMáfia", de Misha Glenny, dobrou o número de exemplares comercializados, pulando de 800 em junho para 1.600 no mês seguinte.
O diretor comercial da editora, Marcelo Levy, diz que o aumento não fez diferença no caixa: "A importância da Flip é no reconhecimento dos autores."

ALAN PAULS
Essa é a tese defendida, também, por Vanessa Bonomo, gerente comercial da Cosac Naify. Embora não revele números absolutos, ela informa que, em 2008, o livro "O Santo Sujo - a Vida de Jayme Ovalle", de Humberto Werneck, vendeu 55% a mais em julho do que no mês anterior.
O caso de maior sucesso da Cosac, no entanto, ocorreu um ano antes: "Houve uma explosão, se é que se pode dizer assim, do Alan Pauls na Flip de 2007", ela lembra.
Autor até então desconhecido do público nacional, o argentino Pauls colocou seu livro "O Passado" entre os mais vendidos da editora, após o sucesso protagonizado por sua mesa em Paraty.
Flavio Moura, curador da Flip, enfatiza que, para as editoras, o evento não gera necessariamente dividendos: "A festa tem mais a ver com prestígio intelectual do que com impacto de vendas".
Segundo ele, em termos comerciais, o festival serve melhor a autores desconhecidos do público -cujos livros raramente figuram dentre os mais vendidos do país. "A Isabel Allende, que vem este ano, já é uma best-seller. Duvido que venda mais por causa da Flip."


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