|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Evento aumenta venda de livros dos autores convidados
Apesar de crescimento pouco expressivo, festa literária é boa vitrine para escritores
ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO
Em outubro do ano passado, o diretor comercial da
Editora Global, Richard Alves, ouviu um boato animador: de que o sociólogo Gilberto Freyre -um dos principais nomes da editora- seria
homenageado na Flip de
2010. "Primeiro foi um zum-zum, depois a organização
entrou em contato com a família, para saber se alguém
se opunha", ele lembra.
Firmado o acordo, Alves
teve a certeza de que sua galinha dos ovos de ouro -o livro "Casa Grande & Senzala", de Freyre- acabara de
ter o quilate depurado.
O otimismo não era em
vão. De acordo com dados da
editora, o livro vendeu 2.014
cópias de maio a junho deste
ano -34% a mais do que os
1.502 exemplares comercializados no mesmo período do
ano passado.
Dos sete autores homenageados pela Flip até a presente edição, três deles -Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues
e Manuel Bandeira, todos da
Ediouro- também aumentaram as vendas em cerca de
30% nos meses que antecederam o evento.
No intuito de constatar a
influência comercial da Flip,
a Folha pediu a seis editoras
que levantassem dados sobre alguns autores que protagonizaram as últimas duas
edições do evento.
Cia das Letras, Objetiva,
Cosac Naify e Ediouro responderam, com números absolutos ou percentuais. Via
de regra, observou-se um aumento de vendas em julho
-mês em que ocorre o evento (o deste ano acontece em
agosto, em razão da Copa).
CONSOLIDAÇÃO
Em alguns casos, como o
do francês Pierre Bayard, palestrante em 2008, a exposição ocasionada pelo vinda a
Paraty fez com que, naquele
ano, seu livro "Como Falar de
Livros que Não Lemos" vendesse 355% a mais em julho
do que no mês anterior.
Embora, em termos concretos, a diferença fosse pouca (227 livros), em termos de
imagem, ela consolidava o
autor no mercado.
Treze autores publicados
pela Cia das Letras participaram das últimas duas edições
da Flip. Desses, nove tiveram
aumento de vendas durante
o mês do evento. Em 2008, o
livro "McMáfia", de Misha
Glenny, dobrou o número de
exemplares comercializados,
pulando de 800 em junho para 1.600 no mês seguinte.
O diretor comercial da editora, Marcelo Levy, diz que o
aumento não fez diferença
no caixa: "A importância da
Flip é no reconhecimento
dos autores."
ALAN PAULS
Essa é a tese defendida,
também, por Vanessa Bonomo, gerente comercial da Cosac Naify. Embora não revele
números absolutos, ela informa que, em 2008, o livro "O
Santo Sujo - a Vida de Jayme
Ovalle", de Humberto Werneck, vendeu 55% a mais em
julho do que no mês anterior.
O caso de maior sucesso
da Cosac, no entanto, ocorreu um ano antes: "Houve
uma explosão, se é que se pode dizer assim, do Alan Pauls
na Flip de 2007", ela lembra.
Autor até então desconhecido do público nacional, o
argentino Pauls colocou seu
livro "O Passado" entre os
mais vendidos da editora,
após o sucesso protagonizado por sua mesa em Paraty.
Flavio Moura, curador da
Flip, enfatiza que, para as
editoras, o evento não gera
necessariamente dividendos: "A festa tem mais a ver
com prestígio intelectual do
que com impacto de vendas".
Segundo ele, em termos
comerciais, o festival serve
melhor a autores desconhecidos do público -cujos livros raramente figuram dentre os mais vendidos do país.
"A Isabel Allende, que vem
este ano, já é uma best-seller.
Duvido que venda mais por
causa da Flip."
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Folha terá café e participação de jornalistas na festa Índice
|