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música
Pato Fu brinca com clássicos mundiais
Banda mineira utiliza brinquedos infantis como base instrumental de seu novo CD e vozes de criança no coro
Produtor e músico John Ulhoa afirma que usou um "truque sujo" ao escolher só músicas que o público sabe de cor
MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO
Caixinhas de música, tecladinhos-calculadora, guitarrinhas de plástico, xilofones de latão. Elefantes que
apitam, sapos que coaxam,
todos os tipos de assobio.
Qualquer brinquedo de
que fosse possível tirar algum som minimamente afinado foi usado para compor
a base instrumental do novo
álbum do Pato Fu, que chega
às lojas nesta semana.
Gravado no estúdio caseiro de Jonh Ulhoa e Fernanda
Takai, "Música de Brinquedo" é a experiência formal
mais radical da banda, já que
não usa (quase) nenhum instrumento convencional.
Possíveis exceções ficam
para a flauta, o xilofone, a kalimba e a escaleta usados em
musicalização infantil.
A maior dificuldade prática na realização da ideia foi
afinar todos esses "instrumentos" a ponto de harmonizá-los em um arranjo.
"Não ficou muito afinado,
mesmo", diz Ulhoa, que produziu o disco. "Mas tinha que
ser assim. Para ficar completamente certinho, eu teria
que usar truques de computador. Seria fácil demais e
perderia toda a graça."
INTÉRPRETE
Para que a experiência instrumental causasse o efeito
esperado, o Pato Fu usou o
que Ulhoa chama de "um truque sujo": apelar para a memória afetiva do ouvinte.
Em vez de canções inéditas, a banda regravou apenas
clássicos mundiais, como
"Rock and Roll Lullaby"
(Barry Mann e Cynthia Weil),
"Ska" (Herbert Vianna) e
"Todos Estão Surdos" (Roberto e Erasmo Carlos).
"O que causa a comoção e
a emoção das pessoas -e a
nossa própria- é reconhecer
os arranjos originais", diz Takai. "Por isso, tínhamos que
usar músicas que todo mundo soubesse muito de cor."
Ulhoa foi cuidadoso ao
"decalcar" cada detalhe que
tornou emblemática a canção original: um solo memorável, uma introdução etc.
O arranjo de cordas da jamesbondiana "Live and Let
Die" (Paul e Linda McCartney) foi reproduzido com o
som de um elefante plástico.
O solo de guitarra de "Ovelha Negra" (Rita Lee) foi feito
com um de xilofone de latão.
A abertura épica de "Frevo
Mulher" (Zé Ramalho), em
pianinho de brinquedo.
"Música de Brinquedo"
soaria um disco de gente
grande com instrumentos infantis não fosse o coro, feito
por Nina Ulhoa, filha de Takai e Ulhoa, e Matheus D'Alessandro, amigo dela da escola -ambos com 6 anos.
"O disco ficaria mais ousado sem as crianças", diz
Ulhoa. "Elas tiram [o disco]
do universo pop e colocam
no universo infantil. E eu
gosto que as coisas que eu faço tenham muitas camadas
de entendimento."
MÚSICA DE BRINQUEDO
ARTISTA Pato Fu
GRAVADORA Rotomusic
QUANTO R$ 29
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