São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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11 DE SETEMBRO

Evento assiste a crescimento de adeptos da facção "do contra"

DE NOVA YORK

Nem tudo são homenagens, palavras bonitas e lágrimas nos olhos quando se trata de 11 de setembro. Quanto mais a data fica distante, mais cresce uma facção "do contra", que enxerga, analisa e comenta o evento com olhos críticos. Também aqui há dinheiro para todo o mundo.
Abre a lista o já citado Noam Chomsky, cujo livrete "9-11", crítico ao governo de George W. Bush, à reação contra o terror e à política externa norte-americana da primeira à última página, já vendeu espantosos 200 mil exemplares. Ele encabeça a trindade dos anticristos do patriotismo.
As outras duas bases são formadas pelo documentarista de esquerda Michael Moore, cujo livro "Stupid White Men", dedicado a Bush, vendeu 500 mil cópias e continua na lista dos mais vendidos do "The New York Times", e o polêmico "9/11, The Big Lie".
Escrito pelo francês Thierry Meyssan, a obra foi ridicularizada pela mídia local, mas é best-seller na França desde o começo do ano e exemplar mais bem-acabado de teoria da conspiração: defende que os aviões que atingiram o World Trade Center eram guiados na verdade por controle remoto por militares norte-americanos e que o Pentágono foi atacado por um míssil.
"Minha esperança é que haja um debate sobre o que realmente aconteceu e que a opinião pública norte-americana e do resto do mundo seja alertada", disse Meyssan, 45, do alto de suas 200 mil cópias vendidas e propostas (da Europa, claro) de transformar o livro em longa-metragem.
Na mesma linha, mas com mais fundamento, está o documentário "Afghanistan Year 1380", que a emissora de TV pública PBS planeja exibir na segunda-feira. O especial retrata os supostos membros da Al-Qaeda presos na base militar norte-americana de Guantánamo como miseráveis que são tão vítimas quanto os mortos do World Trade Center.
Com 53 minutos de duração, o documentário se refere ao ano de 2001 segundo o calendário persa usado pela maioria dos afegãos e acompanha o dia-a-dia de um grupo de médicos voluntários italianos, que percorre o mundo visitando zonas de conflito e prisões militares e prestando assistência.
Tamanha imparcialidade no tratamento do que já foi chamado de "Cruzada Antiterror" levantou os cabelos dos tablóides conservadores de Nova York. O "Post" tratou do assunto com a manchete "exposição indecente" e criticou o "oportunismo" da emissora. (SÉRGIO DÁVILA)



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