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GUILHERME WISNIK
Disposições espaciais
Exposição de jovens
formados nos anos 80 e 90
é termômetro da arquitetura
contemporânea da cidade
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COMEÇOU , na semana passada,
no Centro Universitário Maria Antonia, a exposição "Coletivo: Arquitetura Paulista Contemporânea" (em cartaz até 12 de
novembro). Apesar de pequena, trata-se de uma importante mostra da
produção contemporânea, reunindo uma seleção de trabalhos de seis
relevantes grupos de arquitetos de
São Paulo ligados por um fio geracional: formaram-se pela Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da USP
entre 1986 e 96. São eles os seguintes
escritórios: MMBB, SBPR, Projeto
Paulista, Núcleo de Arquitetura, Andrade Morettin e Una Arquitetos.
São, portanto, jovens cuja obra já
alcança notoriedade nacional. Prova
disso é a grande quantidade de projetos vitoriosos em concursos públicos, como a Câmara Legislativa do
Distrito Federal (1989), o Pavilhão
do Brasil na Expo 92 em Sevilha
(1990), a Agência Central e o Espaço
Cultural dos Correios (SP, 1997), a
Ampliação da Faculdade de Medicina da USP (SP, 1998), o Memorial da
República em Piracicaba (2002) e o
Edifício de Habitação Social na Sé
(SP, 2004). Além disso, todos esses
escritórios têm obras recentes de escolas públicas feitas com estrutura
pré-moldada.
Além de ter uma montagem clara
e atraente para qualquer visitante, a
exposição é um bom termômetro do
estado atual da arquitetura brasileira sediada em São Paulo. Percebe-se
nela um rigor aliado a uma contensão formal que atesta a sobrevivência dos princípios modernos no país,
em contraste com o raciocínio plástico e compositivo baseado na distorção volumétrica, predominante
no contexto internacional. Mas o
que, no fundo, percorre essa produção como questão latente é uma atitude comum perante a cidade: a
preocupação em projetar o edifício
segundo um horizonte urbano.
Significativamente, com a retomada dos concursos, os seminários
acadêmicos e os planos públicos de
reestruturação urbana a partir da
modernização do sistema de trens
urbanos, iniciou-se uma reflexão
consistente nas escalas metropolitana e regional. Que modelos adotar
diante de uma "cidade genérica" como São Paulo? Nem o revivalismo
nostálgico da cidade histórica européia, com gabarito e tipologia uniformes, nem a monumentalidade
escultórica de marcos urbanos.
Na escala da metrópole, a correção discreta e disciplinadora desses
desenhos paulistas procura vincular-se às redes infra-estruturais da
cidade (rios, eixos de transporte, sistemas de áreas públicas), revelando
a potencialidade arquitetônica desses aparatos técnicos. Recusando o
controle ilusório sobre a iniciativa
privada (uniformização dos edifícios, quarteirões), esses projetos se
postulam como arranjos programáticos, ou "disposições espaciais", em
vez de "forma urbana".
Aqui, mais do que nunca, nota-se a
herança formadora da "escola paulista" de Vilanova Artigas e, sobretudo, de Paulo Mendes da Rocha, para
quem "o que desenha a imprevisibilidade da vida é uma construção, nítida e rigorosamente técnica, mas
que não determina fim, modo e
meio, programa. Ampara a indeterminação, a imponderabilidade da liberdade individual".
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