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Crítica
"Pollock" repete clichês e mito do gênio romântico
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Os pintores odeiam "Pollock" (TNT, 0h15), ainda que
adorem Pollock, o pintor. E
têm lá sua razão, embora Ed
Harris tenha feito o filme e o
papel com o maior empenho
-e tenha sido recompensado
com a indicação ao Oscar de
melhor ator, embora seja Marcia Gay Harden quem ganhou
uma estatueta, como melhor
atriz coadjuvante.
Há algo que é comum ao gênero "filme de artista" (que engloba escritores e cientistas,
mas não, até hoje, que eu tenha
notado, cineastas): são todos
seres torturados. Deve ser por
isso que ninguém se interessa
por filmes sobre Picasso, que
não sofreu o bastante.
O fato é que, com isso, Pollock vira, de cara, um clichê. E
a partir dele o filme identifica
sua pintura com essa perturbação pessoal. Com isso, o que é
enigma, opacidade, experiência, torna-se sentido dado, confortável, morto. Morto e impreciso, porque supõe que a arte
não é produto de pensamento,
mas de sofrimento, o que reafirma o mito do gênio romântico, este outro velho clichê.
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