São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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Crítica

"Pollock" repete clichês e mito do gênio romântico

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Os pintores odeiam "Pollock" (TNT, 0h15), ainda que adorem Pollock, o pintor. E têm lá sua razão, embora Ed Harris tenha feito o filme e o papel com o maior empenho -e tenha sido recompensado com a indicação ao Oscar de melhor ator, embora seja Marcia Gay Harden quem ganhou uma estatueta, como melhor atriz coadjuvante.
Há algo que é comum ao gênero "filme de artista" (que engloba escritores e cientistas, mas não, até hoje, que eu tenha notado, cineastas): são todos seres torturados. Deve ser por isso que ninguém se interessa por filmes sobre Picasso, que não sofreu o bastante.
O fato é que, com isso, Pollock vira, de cara, um clichê. E a partir dele o filme identifica sua pintura com essa perturbação pessoal. Com isso, o que é enigma, opacidade, experiência, torna-se sentido dado, confortável, morto. Morto e impreciso, porque supõe que a arte não é produto de pensamento, mas de sofrimento, o que reafirma o mito do gênio romântico, este outro velho clichê.


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