São Paulo, quinta-feira, 04 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Festival começa hoje com ênfase no teatro musical

Gilberto Mendes e homenagem a Stockhausen também são destaques do Música Nova

Mendes, criador do evento de música contemporânea, assina a direção artística da 43ª edição e sobe ao palco; há concertos de 16 atrações


IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ênfase no teatro musical, homenagens a Stockhausen e a participação, no palco, do compositor Gilberto Mendes são os destaques do 43º Festival Música Nova, que acontece de hoje a 1º de outubro, em São Paulo, Campinas e Santos.
Mais tradicional evento dedicado à música contemporânea na América Latina, o festival foi criado em 1962 por Gilberto Mendes, 85, que assina a direção artística. A edição deste ano, com direção executiva de Lorenzo Mammì e Luís Gustavo Petri, traz concertos de 16 diferentes atrações e os "Seminários Música Nova", com nomes internacionais discutindo os rumos da produção atual de vanguarda (veja ao lado).
Entre os nomes dos seminários, estão o americano Chris Chaffe, da Universidade Stanford, e a francesa Françoise Rivalland, do grupo S.I.C., conjunto que atua nas relações entre música de câmera, literatura, cinema e artes cênicas, e que é um dos destaques do festival.
Outro grupo que faz o cruzamento entre música e teatro é a Opera Nova Zürich, da Suíça. Com a participação da soprano argentina Lia Ferenese, apresentará uma versão do compositor italiano Salvatore Sciarrino para a ópera "Lohengrin", de Richard Wagner -vista a partir do ponto de vista de Elsa, a personagem feminina.
Mendes também sobe ao palco, empunhando um pau-de-chuva (instrumento de percussão), na apresentação de seu "Escorbuto: Cantos da Costa", sobre poemas de Flávio Amoreira. Ele estará ao lado do pianista Antonio Eduardo, do violonista Alessandro Atanes e de duas bailarinas.
"O livro é um canto do mar, e nossa gesticulação, em cena, também é meio marítima. O meu pau-de-chuva vira um remo", diz o compositor, cuja intenção, ao criar o festival, era trazer ao Brasil os principais nomes das vanguardas internacionais de seu tempo.
Daí a homenagem ao alemão Karlheinz Stockhausen (1928-2007), que era um dos papas dos cursos de verão que reuniam, na cidade alemã de Darmstadt, as correntes mais radicais da música contemporânea na década de 60. Falecido no ano passado, Stockhausen terá seu "Kreuzpiel" tocado pelo Ensemble Música Nova, na USP, dia 15.
Outro homenageado é o pernambucano Willy Corrêa de Oliveira, que completou 70 anos de idade em fevereiro. Colaborador de Mendes na gênese do Música Nova, Oliveira foi progressivamente se afastando das idéias que tinha naquela época, as quais hoje ele francamente repudia.
"Eu nunca mais procurei o Willy, nem ele me procurou", sintetiza Mendes. Contudo, seus "Dois Prelúdios" integram o programa da apresentação de Caio Pagano (piano) e Paulo Chagas (eletrônica), dia 14, no Sesc Vila Mariana.
A programação destaca ainda, no dia 11, o lançamento do CD "Trópico das Repetições", no qual obras do compositor paulista Silvio Ferraz são executadas por instrumentistas.
Com ingressos a R$ 10, o concerto de abertura, hoje, às 21h, no Sesc Vila Mariana, traz o Coro de Câmara da Osesp, com um repertório bem variado, do paulista Aylton Escobar, 64, até o polonês Krzysztof Penderecki, 74.


Texto Anterior: Crítica/"Hellboy 2": Roteiro é pretexto para desfile de seres fantásticos
Próximo Texto: "O Messias" é destaque da Osesp neste mês
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.