São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2010

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CRÍTICA ROMANCE

Com uso de referências pop e parábolas, "O Evangelho de Barrabás" é cheio de graça

MARCELINO FREIRE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eis em vossas mãos, fiéis leitores, este "O Evangelho de Barrabás". Mais uma obra de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Salve, salve, ave Maria!
Desses livros cheios de graça. Divina. Uma paródia divertida. Bem escrita, a quatro mãos. Para o alto. Abençoados que os dois autores são. Em suas carreiras, já venderam mais de 2 milhões de livros -diz a orelha. Também diz a orelha: vencedores de dois prêmios Jabuti.
Assim seja, aleluia, Senhor! Não deixa de ser um milagre. Quando o assunto é literatura. Num país em que se lê muito pouco. E, quando se lê, é coisa ligeira, rasteira. Tábua rasa.
Não é o caso deste "Evangelho". Não procurei na sua leitura sinais de um grande livro. Tipo a Bíblia. Ou melhor ainda: "A Bíblia do Caos", de Millôr Fernandes -aliás, quem não bebeu na fonte do Millôr, atire a primeira pedra.
A verdade é: a dupla teve mais uma boa ideia (juntos, já criaram uma dezena de projetos). E acreditou nela. A saber: fazer um relato sobre "aquele que vencera Jesus Cristo". Sobre a trajetória do ladrão que escapou. Seu paradeiro agora foi finalmente revelado.

GLÓRIAS MESSIÂNICAS
Bem-aventurados os que lançam luz sobre personagens, coadjuvantes de luxo, tão deixados de lado. Bem-aventurados os que creem. Nos poderes da palavra. E desenrolam, com desenvoltura, uma história cheia de reviravoltas, citações, referências pop ao Velho e ao Novo Testamentos, parábolas e mandamentos.
Bem-aventurados os que vão além. De Jerusalém. Os que tiram sarro do sagrado. Por exemplo: Barrabás, também creiam, teve um pai chamado José e uma mãe chamada Maria. Foi fruto idem de um ventre virgem.
"Devo ter ficado prenhe quando a pomba lançou seu fértil adubo sobre mim." Isso mesmo. De uma cagada celeste nasceu o herói deste romance. Pícaro e -ao mesmo tempo- repleto de glórias. Messiânicas. A piada está pronta.
Repito: livro, sobretudo, divertido. Nada de alta literatura. Humor, assim, sem pretensão. Dessas obras que a gente lê sem demora. Depois, ora, é só lavar as mãos.

MARCELINO FREIRE é autor de "Contos Negreiros" (Editora Record)


O EVANGELHO DE BARRABÁS

AUTOR José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta
EDITORA Objetiva
QUANTO R$ 36,90 ( 224 págs.)
AVALIAÇÃO bom




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