|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA ROMANCE
Com uso de referências pop e parábolas, "O Evangelho de Barrabás" é cheio de graça
MARCELINO FREIRE
ESPECIAL PARA A FOLHA
Eis em vossas mãos, fiéis
leitores, este "O Evangelho
de Barrabás". Mais uma obra
de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta.
Salve, salve, ave Maria!
Desses livros cheios de
graça. Divina. Uma paródia
divertida. Bem escrita, a quatro mãos. Para o alto. Abençoados que os dois autores
são. Em suas carreiras, já
venderam mais de 2 milhões
de livros -diz a orelha. Também diz a orelha: vencedores
de dois prêmios Jabuti.
Assim seja, aleluia, Senhor! Não deixa de ser um
milagre. Quando o assunto é
literatura. Num país em que
se lê muito pouco. E, quando
se lê, é coisa ligeira, rasteira.
Tábua rasa.
Não é o caso deste "Evangelho". Não procurei na sua
leitura sinais de um grande
livro. Tipo a Bíblia. Ou melhor ainda: "A Bíblia do
Caos", de Millôr Fernandes
-aliás, quem não bebeu na
fonte do Millôr, atire a primeira pedra.
A verdade é: a dupla teve
mais uma boa ideia (juntos,
já criaram uma dezena de
projetos). E acreditou nela.
A saber: fazer um relato sobre "aquele que vencera Jesus Cristo". Sobre a trajetória
do ladrão que escapou. Seu
paradeiro agora foi finalmente revelado.
GLÓRIAS MESSIÂNICAS
Bem-aventurados os que
lançam luz sobre personagens, coadjuvantes de luxo,
tão deixados de lado.
Bem-aventurados os que
creem. Nos poderes da palavra. E desenrolam, com desenvoltura, uma história
cheia de reviravoltas, citações, referências pop ao Velho e ao Novo Testamentos,
parábolas e mandamentos.
Bem-aventurados os que
vão além. De Jerusalém. Os
que tiram sarro do sagrado.
Por exemplo: Barrabás,
também creiam, teve um pai
chamado José e uma mãe
chamada Maria. Foi fruto
idem de um ventre virgem.
"Devo ter ficado prenhe
quando a pomba lançou seu
fértil adubo sobre mim."
Isso mesmo. De uma cagada celeste nasceu o herói deste romance. Pícaro e -ao
mesmo tempo- repleto de
glórias. Messiânicas.
A piada está pronta.
Repito: livro, sobretudo,
divertido. Nada de alta literatura. Humor, assim, sem pretensão. Dessas obras que a
gente lê sem demora.
Depois, ora, é só lavar as
mãos.
MARCELINO FREIRE é autor de "Contos
Negreiros" (Editora Record)
O EVANGELHO DE BARRABÁS
AUTOR José Roberto Torero e
Marcus Aurelius Pimenta
EDITORA Objetiva
QUANTO R$ 36,90 ( 224 págs.)
AVALIAÇÃO bom
Texto Anterior: Torero e Pimenta recriam Barrabás em novo romance Próximo Texto: "Tela lança choques sensuais assim como injeções de heroína" Índice
|