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ARTES PLÁSTICAS
Exposição discute deformidade das metrópoles
"Canibal" resiste ao massacre urbano
CAMILA VIEGAS
especial para a Folha
Enquanto a curadora Daniela
Bousso concedia entrevista sobre a
exposição "City Canibal", em cartaz no Paço das Artes, passava na
televisão mais uma sessão de humilhação do "Programa do Ratinho". Ele apresentava um rapaz
que sofre de uma doença que deforma seu rosto.
Os trabalhos de "City Canibal"
referem-se exatamente à deformação, não do rosto do rapaz, mas do
gosto que leva milhões de pessoas
a assistir programas assim. "As
obras são respostas à dispersão do
homem urbano", diz Daniela, que
também é diretora do Paço.
A mostra está dividida em cinco
blocos temáticos. O primeiro refere-se a "Não-Lugares, Circuitos,
Fluxos, Cartografias" e apresenta
trabalhos de Ana Tavares, Rubens
Mano, Marco Giannotti, Paulo Climachauska e do espanhol Pedro
Mora.
"Os "não-lugares' existem em todos os grandes centros urbanos do
mundo", explica a curadora. São
escadarias de metrô, aeroportos e
shopping centers em que a individualidade é massacrada pela quantidade de gente ou pelo "condensado de propostas de consumo".
Rubens Mano montou "Geometrias do Tempo" um trilho de condutores elétricos e caixas de passagem feitas de alumínio que se confunde com a estrutura de PVC do
espaço. "O trabalho só é visível por
causa de um foco de luz e é antropofágico, pois se apropria dos espaços de outras obras como as de
Cristina Guerra, Lino Villaventura
e Rochelle Costi", explica.
O segundo grupo trata do "Ícones do Desejo, da Memória/Apagamento, da Contaminação, do
Visível/Invisível". Participam os
artistas Ricardo Ribenboim, Iran
do Espírito Santo, Lilian Amaral,
Eli Sudbrack e Artur Lescher.
"Violência, Ruído, Digressão,
Paradoxo, Nonsense e Ironia" faz
parte do terceiro bloco, que é formado por peças de Lucas Bambozzi, José Fujocka Neto e Luciana
Molisani, José Damasceno, do sul-africano Kendell Geers e da nova-iorquina Maureen Connor.
O quarto grupo foi batizado de
"Identidade, Padronização, Comportamento e Artifício" e é composto por trabalhos dos brasileiros
Cristina Guerra, Vik Muniz, Carina Weidle, Marta Strambi, Lino
Villaventura e do polonês Maciej
Toporowicz.
A escultura "Mutilação", realizada neste ano por Carina Weidle,
mostra duas figuras que se cumprimentam sem as mãos. Além
disso, uma delas não tem braço, a
outra não tem perna. "O trabalho
revela a condição virulenta de relacionamentos contaminados", conta Daniela. "A ironia e o nonsense
são a tônica de sua produção."
No último bloco formado por
obras ligadas à "Apropriação,
Ocupação, Fusão e Movimento"
traz trabalhos de Gilbertto Prado,
Edith Derdyk, Rochelle Costi,
Analívia Cordeiro e Cássio Vasconcelos.
Exposição: City Canibal
Quando: de seg. a sex., das 13h às 20h, sáb.,
das 10h às 14h. Até 31 de outubro
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade,
1, Cidade Universitária, tel. 011/211-0682)
Quanto: entrada franca
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