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TEATRO
Atriz estréia "Da Gaivota'
Produzir é um parto, diz Fernanda
BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local
A experiência na peça "Da Gaivota", que estréia amanhã para o
público em São Paulo, desperta em
Fernanda Montenegro sensações
conflitantes.
Entusiasmo por estar atuando
com um elenco afinado. E desgaste
por ter de conciliar as funções de
atriz e produtora, que a obriga a representar e a "administrar prestações e notas fiscais".
Na peça, a atriz contracena com
Nelson Dantas, Mateus Nachtergaele, Antonio Abujamra, Celso
Frateschi e a filha e co-produtora,
Fernanda Torres.
"Da Gaivota" marca a estréia de
Daniela Thomas na direção teatral.
Daniela, que também traduziu e
adaptou o texto, colaborou, no
passado, com o diretor Gerald
Thomas na criação e na cenografia
de peças como "Um Processo".
"Da Gaivota" é uma adaptação
de "A Gaivota", do dramaturgo
russo Anton Tchecov.
Na versão de Daniela foram suprimidos cinco personagens. Fernanda Montenegro interpreta Arkádina, vaidosa diva teatral que vive com o escritor Trigorin (Celso
Frateschi). Trepliov, filho de Arkádina, e aspirante a dramaturgo,
(Mateus Nachtergaale) visita a
mãe na fazenda de Trigorin e ensaia uma peça com a atriz Nina
(Fernanda Torres).
Em entrevista à Folha, Fernanda
Montenegro falou sobre "Da Gaivota" e a dificuldade de atuar e
produzir ao mesmo tempo.
Folha - Foi ousadia de Daniela escolher logo Tchecov para seu primeiro trabalho de direção?
Fernanda Montenegro - Treplev
diz, em uma cena: "Detesto esse
teatro aprisionado em três paredes
iluminadas com uma luz artificial". Treplev está enclausurado
em três paredes iluminadas por
uma luz artificial e diz que o que
nós precisamos é de formas novas.
A direção de Daniela é cheia desse
tipo de metalinguagem.
Folha - O que mais a atrai nesse
texto de Tchecov?
Montenegro - A peça traça um
paralelo entre a jovem atriz e a velha atriz e entre o jovem escritor e o
velho escritor. Não há jovem ator
que não se apaixone por esse texto,
porque ele se aproxima de sua vivência. Eles se identificam com
Treplev e com Nina. São discussões que passam por diferentes gerações teatrais. Esse espetáculo nos
uniu de forma muito cúmplice.
Folha - Você pretende continuar
produzindo suas peças?
Montenegro - Pode ser que nem
dor de parto, passado um tempo, a
gente esquece. Mas é uma sobrecarga muito grande. Além de representar, você tem que administrar prestações e notas fiscais.
Peça: Da Gaivota
Quando: hoje, só para convidados; amanhã,
para o público; qui, sex e sáb, às 21h; dom, às
18h; até 4/10
Quanto: R$ 20 (quin, sex e dom) e R$ 25
(sáb)
Onde: teatro Sesc Vila Mariana (rua Pelotas
141, Vila Mariana, tel. 011/5080-3000)
Patrocinadores: Telesp e Método
Engenharia
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