São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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TEATRO
Atriz estréia "Da Gaivota'
Produzir é um parto, diz Fernanda

BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local

A experiência na peça "Da Gaivota", que estréia amanhã para o público em São Paulo, desperta em Fernanda Montenegro sensações conflitantes.
Entusiasmo por estar atuando com um elenco afinado. E desgaste por ter de conciliar as funções de atriz e produtora, que a obriga a representar e a "administrar prestações e notas fiscais".
Na peça, a atriz contracena com Nelson Dantas, Mateus Nachtergaele, Antonio Abujamra, Celso Frateschi e a filha e co-produtora, Fernanda Torres.
"Da Gaivota" marca a estréia de Daniela Thomas na direção teatral. Daniela, que também traduziu e adaptou o texto, colaborou, no passado, com o diretor Gerald Thomas na criação e na cenografia de peças como "Um Processo".
"Da Gaivota" é uma adaptação de "A Gaivota", do dramaturgo russo Anton Tchecov.
Na versão de Daniela foram suprimidos cinco personagens. Fernanda Montenegro interpreta Arkádina, vaidosa diva teatral que vive com o escritor Trigorin (Celso Frateschi). Trepliov, filho de Arkádina, e aspirante a dramaturgo, (Mateus Nachtergaale) visita a mãe na fazenda de Trigorin e ensaia uma peça com a atriz Nina (Fernanda Torres).
Em entrevista à Folha, Fernanda Montenegro falou sobre "Da Gaivota" e a dificuldade de atuar e produzir ao mesmo tempo.

Folha - Foi ousadia de Daniela escolher logo Tchecov para seu primeiro trabalho de direção?
Fernanda Montenegro -
Treplev diz, em uma cena: "Detesto esse teatro aprisionado em três paredes iluminadas com uma luz artificial". Treplev está enclausurado em três paredes iluminadas por uma luz artificial e diz que o que nós precisamos é de formas novas. A direção de Daniela é cheia desse tipo de metalinguagem.
Folha - O que mais a atrai nesse texto de Tchecov?
Montenegro -
A peça traça um paralelo entre a jovem atriz e a velha atriz e entre o jovem escritor e o velho escritor. Não há jovem ator que não se apaixone por esse texto, porque ele se aproxima de sua vivência. Eles se identificam com Treplev e com Nina. São discussões que passam por diferentes gerações teatrais. Esse espetáculo nos uniu de forma muito cúmplice.
Folha - Você pretende continuar produzindo suas peças?
Montenegro -
Pode ser que nem dor de parto, passado um tempo, a gente esquece. Mas é uma sobrecarga muito grande. Além de representar, você tem que administrar prestações e notas fiscais.


Peça: Da Gaivota
Quando: hoje, só para convidados; amanhã, para o público; qui, sex e sáb, às 21h; dom, às 18h; até 4/10
Quanto: R$ 20 (quin, sex e dom) e R$ 25 (sáb)
Onde: teatro Sesc Vila Mariana (rua Pelotas 141, Vila Mariana, tel. 011/5080-3000)
Patrocinadores: Telesp e Método Engenharia




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