São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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NOITE ILUSTRADA - ERIKA PALOMINO

Tem algo de uó no reino das super-raves

DRAMA no universo das super-raves em São Paulo. E esta é uma informação que interessa a todo mundo, já que o que tem de agência de publicidade prestando atenção nessa cena não é brincadeira. A saber pela Fusion, no último sábado. Por onde começar? Talvez pela falsificação de aproximadamente 3.000 ingressos, que deixou desesperado o simpático trio de produtores (no fim o evento se pagou; corre por aí que a festa custou R$ 90 mil; vale lembrar que a Fusion acontece sem patrocínio). E o que se comenta também é que se de um lado é um tipo de evento que pode dar dinheiro, por outro já tem gente deixando de ir porque é muito grande e tem muito outsider (parece que tinha mesmo as 8.000 pessoas esperadas). O "vibe" não é o mesmo e dispersa muito, garante um top-raver. De fato, parece que o programão da festa era passear pelo mato e pular de bungee-jump (Mau Mau fez salto duplo com Adriana Recchi; Victor V-Rom foi duas vezes...). Bom, queixas de insiders à parte (que sempre aparecem quando um procedimento se torna mais popular; vide Hell's, tecno, entre outros, né?), diz que a festa estava bem montada, com bom equipamento de som nas três pistas (apesar de um retorno quebrado). Na de drum'n'bass deu babado: Marky Mark não apareceu e quem apareceu, o carioca Calbuque, não conseguiu tocar. A pista fechou, consta, por falta de público. Por que tirar o cara do Rio, então? Ficou feio. Pior foi o DJ (que não merece nem ter o nome citado) que, NO MEIO DA PISTA, ameaçou um dos produtores com uma faca, diante da informação que iria receber seu cachê durante a semana. Queísso? Mas pior mesmo eram os caras que andam enchendo os clubbers de porrada, assim, sem motivo. Parece que eles têm a barriga tatuada com a palavra "treta" . E a última vítima, dentro da própria rave em si, foi o DJ Jason Bralli, que apanhou pencas depois daquele clássico (e uó) diálogo: "O que que você tá olhando?". Nada, né? Não tava olhando nada. Ah, sobre o som, diz que reinou o trance mesmo e que os brasileiros foram melhores do que os gringos.

E diz que na nova edição da "Ministry" tem uma reportagem de três páginas sobre a B.A.S.E, que recebe na quinta em sua noite do Cream o top DJ Dave Seaman. Quem quiser pode tentar também na sexta, no after-hour The Future, onde ele toca a partir de 3h. E a B.A.S.E também aparece no novo disco de Nick Warren, gravado ao vivo no clube. O povo animou e fez um encarte lindo, com várias fotos de São Paulo em si e dos clubbers daqui. Entre eles, os DJs MC Gildo, Julião e alguém que parece ser a estilista Estela Alcântara. Warren comenta: "Eles construíram o clube numa sauna antiga, e as piscinas ainda estão lá, cheias. Uma das pistas é dentro da velha sauna de madeira, é um lugar impressionante. Fomos a alguns ótimos restaurantes e depois o Luis (Eurico), o dono do clube, nos levou para a casa de um amigo na praia. A floresta tropical chegava até a areia e um dos melhores points de surf do mundo era logo ali. Incrível."

CONFIRMOU. Confirmou Sasha no Lov.e, dia 23 de setembro. O super DJ inglês (não a filha da Xuxa, nem preciso dizer) volta ao Brasil novamente pelas mãos do DJ agent Rubinho Peterlongo (seu último booking na B.A.S.E foi agora, o The End). Junto com Angelo Leuzzi, a idéia de Rubinho é montar também um selo Lov.e, que possa segurar por aqui alguma coisa de todo mundo que vier. Os clubbers cariocas podem esperar Sasha dia 24, talvez no The Case, novo templo do tecno do Rio, que está reformando e deve reabrir dia 18 agora.

FALANDO nisso, você está pensando em ir ao Rio neste final de semana? Guarda para o próximo, que dia 12 tem festa do Fabinho Demente. É a Salvation in Rio, versão brasileira da famosa noite de Miami. Vai ser na Fundição Progresso, ocupando primeiro e segundo pisos. Vêm de lá também a performática Power e o DJ Abel (pronuncia-se êibel, não vai chamar errado). Adquira seu ingresso na Foch (que fez desfile no Rio onde o stylist Daniel Ueda revolucionou e colocou somente um bofe de cueca!) antecipado a 20 reais. E a festa tem apoio também da "HX" de Nova York, o maior guia gay da cidade, distribuído gratuitamente, você sabe.

E por falar nisso, a "rua das bichas", ali em Botafogo, não quer mais ser chamada de "rua das bichas". Os donos dos estabelecimentos (bares e restaurantes pra lá de friendly) acham o termo pejorativo. Parece que mandaram comunicado para a revista gay "Sui Generis" protestando, pedindo que, doravante, a área seja denominada na publicação de " Baixo Gay". É pior, meu Deus! Em tempo: é tão conhecida como rua das bichas que eu nem lembro o nome dela de verdade...

ENQUANTO isso, o kaiser gay da noite do Rio, o Gilles, comemora as filas da sua nova Le Boy, localizada agora num antigo cinema, ali na histórica galeria do Mariuzin, em Copacabana. E o que está todo mundo adorando dizer é que o pé direito é altíssimo. Sei. Mas o que ninguém diz muito é que tem um telão que sobe lá pelas tantas e vira um bom de um dark-room. E conta a lenda que Gilles mandou até trocar o calçadão da rua por peças legitimamente portuguesas...

E na Semana Barrashopping de Moda quem se consagrou foi o modelo Zulu, aplaudidíssimo a cada entrada na passarela. Idem para o DJ Mauro Borges, em sua performance no desfile da Salinas, que encerrou o evento. Diz que foi assim: localizado numa espécie de pódio sobre a entrada na sala, Mauro deixou as fofas de boca aberta, não acostumadas com seu tradicional strip-tease. As loucas-por-Zulu tiravam fotos e gritavam, nervosíssimas. Até os fotógrafos se viraram 180 graus para registrar o momento. O resto foi tudo festa, ao som de hits da era dos patins, da Disco e tal. E aqui em São Paulo Mauro também fez uma coisa boa: empregou o povo tombado pela Special K, a estrela Léia Bastos incluída.

DA série novos talentos da moda. A marca It's aciona a dobradinha hype Telma Vilas Boas e Claudia Guimarães, fotógrafa oficial desta coluna, para seu novo catálogo, com outra dobradinha hype: as modelos Jeísa Chiminazzo e Fabiana Duarte. Por sua vez, Telma se prepara para dois editoriais para a "i-D", com o nosso stylist Cesar Fassina (que já publicou também na "Dazed & Confused"). Internacional! Chiques! O primeiro é sobre luxo (Luxo!) e deverá ser fotografado no Mato Grosso, com Ivan Abujamra e Carla Durigan (da Elite). Novíssima, ela já está sendo chamada de "a Marina Dias sem tatuagem". Levado por Marcelo Krasilcic (também na nova "Visionaire", já na Toc na Cuca), Fassina vai indicar sete fotógrafos brasileiros para a badaladerrerrérrima "Purple". Os brasileiros ganham o mundo. Mais do que na hora, né?

E o underground se reúne na festa de aniversário de três anos do Matrix, quinta, dia 10. Vai lá dar um abraço no Gigio. E vá na quarta dar um abraço no Will Robson, na noite dele lá no Kashmir dentro do projeto Velvet, que traz a música eletrônica à casa. E na segunda, feriado, vá dar um abraço na Glaucia Mais Mais na versão da noite de meninas Cio nos mineiros domínios de Fernando Carneiro. E quem toca neste after-hour sábado é o seu, o meu, o nosso Renato Lopes, com o talentoso Daniel, do Underground Minds. E Renato adianta que vai tocar muito dos seus produtores favoritos do momento, como o sueco Lari Lakebusch e sua turma de Estocolmo, como Alexi Delano, mais o inglês Joel Mull, o povo com que ele teve contato da última vez que tocou na Europa, ano passado. Como é o som? É um crossover de tecno com house. "Tem suíngue e não é muito sisudo, é mais animado. Da última vez que toquei as pessoas falaram que saíram alegres da pista. Isso é uma coisa legal de passar", confirma o DJ.

E-mail: palomino@uol.com.br



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