São Paulo, Segunda-feira, 04 de Outubro de 1999
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EXPOSIÇÃO

Mostra no Memorial da América Latina recupera a trajetória do líder revolucionário, criador da ALN

Marighella volta, 30 anos depois de morto

FERNANDO DE BARROS E SILVA
da Reportagem Local

De hoje a 4 de novembro, o Memorial da América Latina estará exibindo a mostra "Encontra-se Carlos Marighella - 30 Anos Depois", com 20 grandes painéis, de 1 x 1,20 metro, contendo fotos e textos explicativos sobre a vida e a trajetória política do líder revolucionário, assassinado há 30 anos, em 4 de novembro de 1969.
Marighella foi morto com quatro tiros na alameda Casa Branca, nos Jardins, em São Paulo, numa emboscada armada pelas forças da repressão do regime militar, comandadas pelo então delegado Sérgio Paranhos Fleury.
Era então o guerrilheiro mais procurado do país, líder da ALN (Ação Libertadora Nacional), grupo armado de esquerda que fundara em fevereiro de 68, depois de rompimento com o PCB.
A inauguração da exposição ocorre hoje, às 19h30, com a presença de Clara Charf, militante de esquerda filiada ao PT, companheira de Marighella durante 21 anos, de 1948 até sua morte.
Também estará presente à abertura o crítico literário Antonio Candido, que escreveu um pequeno texto especialmente para a exposição. Nele se lê: "Os que assumem a grave responsabilidade de combater pelo interesse de todos tornam-se símbolos e constituem patrimônio coletivo. Carlos Marighella deu a vida pelos oprimidos, os excluídos, os sedentos de justiça. Ao fazê-lo, transcendeu a sua própria opção partidária e se projetou na posteridade como voz dos que não se conformam com a iniquidade social".
A criação dos painéis são do artista gráfico Elifas Andreato. Os textos, de Márcia Mascarenhas Camargo. O curador da exposição, o jornalista e produtor cultural Vladimir Sacchetta, a define como uma mostra "pequena e didática, cujo propósito é contextualizar e lembrar o papel de Marighella nas lutas sociais do país".
Os painéis são temáticos e obedecem a ordem cronológica. O primeiro, intitulado "Família", mostra os pais de Marighella (o pai, um imigrante italiano, a mãe, uma negra filha de escrava) e cenas de Salvador, na Bahia, onde ele nasceu, em 5 de setembro de 1911. Estão retratadas a militância de Marighella no PCB, sua participação como parlamentar na Constituinte de 1946, as várias prisões que sofreu até a morte. Em setembro de 1996, a Comissão Especial sobre os Mortos e Desaparecidos Políticos responsabilizou o Estado pelo seu assassinato, por cinco votos a dois.


Exposição: "Encontra-se Carlos Marighella - 30 Anos Depois"
Onde: galeria Marta Traba do Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, metrô Barra Funda, portão 5)
Quando: hoje, às 19h30; de ter. a dom., das 9h às 18h; até 4 de novembro
Quanto: entrada franca


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