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ANÁLISE
Voz da cantora ecoou absoluta na Rádio Nacional
LUÍS NASSIF
COLUNISTA DA FOLHA
A Rádio Nacional foi inaugurada nos anos 40. Nos anos
50 atingiria o auge, levando sua
influência para todo o país. Àquela altura, os programas de auditório se constituíam na maior atração do rádio, espalhando sua influência por todo o país.
Não havia cidade do interior cuja rádio não tivesse um programa
de auditório e, nele, uma competição entre duas cantoras, uma representando Marlene, a outra representando Emilia Savana da Silva Borba, a Emilinha. Nascida em
31 de agosto de 1923, morta ontem, aos 82 anos.
Começou a carreira atuando em
dupla com Bidú Reis, no duo "As
Moreninhas". Em 1939 conseguiu
ser contratada pelo Cassino da
Urca, recomendada por Carmen
Miranda. Logo depois, foi contratada pela Rádio Nacional.
Lá, dominou absoluta por muitos anos, apesar da concorrência
de cantoras até mais completas,
como Dircinha Batista. Foi a típica cantora de rádio. Logo no início dos anos 50, Elizeth Cardoso
se consagrava como a grande intérprete dos clássicos da música
brasileira, e Ângela Maria, como
um fenômeno de vendas e de voz.
Emilinha se sustentava quase
exclusivamente na audiência da
Rádio Nacional e nas chanchadas
da Atlântida. Trabalhou em mais
de 30 filmes.
Provavelmente foi a mais conhecida cantora brasileira da época. Como os demais cantores e
compositores da Nacional, transitava por todos os gêneros e versões. Sua versão de "Cachito"
("Cachito, cachito, cachito mio"),
de Consuelo Velasquez, foi sucesso nacional.
Bebeu, também, na fonte dos
sambas-canções da época. Gravou o clássico "Se Queres Saber",
de Peterpan.
Mas a imagem mais forte de
Emilinha foi a da cantora alegre,
das marchinhas e sambas de Carnaval, imortalizados em muitas
chanchadas da Atlântida. É dela a
gravação original da rumba "Escandalosa" ("Um dia, uma vez lá
em Cuba, dançando uma rumba,
disseram que eu era/ escandalosa"), de Djalma Esteves e Moacir
Silva, seu primeiro sucesso, de
1947, e o clássico "Chiquita Bacana", de João de Barro e Alberto
Ribeiro.
Dentre os diversos gêneros que
percorreu, passou até pelo dobrado. Sua gravação de "Canção do
Marinheiro" ("Qual cisne branco
/ que em noite de lua"), de Benedito X. de Macedo e Antonio do
Espírito Santo, lhe rendeu o título
de "a favorita da Marinha".
Com a invasão da televisão, seu
tempo passou. Problemas nas
cordas vocais, em 1968, apressaram o seu fim como cantora. Permaneceu o mito.
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