São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2005

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ANÁLISE

Voz da cantora ecoou absoluta na Rádio Nacional

LUÍS NASSIF
COLUNISTA DA FOLHA

A Rádio Nacional foi inaugurada nos anos 40. Nos anos 50 atingiria o auge, levando sua influência para todo o país. Àquela altura, os programas de auditório se constituíam na maior atração do rádio, espalhando sua influência por todo o país.
Não havia cidade do interior cuja rádio não tivesse um programa de auditório e, nele, uma competição entre duas cantoras, uma representando Marlene, a outra representando Emilia Savana da Silva Borba, a Emilinha. Nascida em 31 de agosto de 1923, morta ontem, aos 82 anos.
Começou a carreira atuando em dupla com Bidú Reis, no duo "As Moreninhas". Em 1939 conseguiu ser contratada pelo Cassino da Urca, recomendada por Carmen Miranda. Logo depois, foi contratada pela Rádio Nacional.
Lá, dominou absoluta por muitos anos, apesar da concorrência de cantoras até mais completas, como Dircinha Batista. Foi a típica cantora de rádio. Logo no início dos anos 50, Elizeth Cardoso se consagrava como a grande intérprete dos clássicos da música brasileira, e Ângela Maria, como um fenômeno de vendas e de voz.
Emilinha se sustentava quase exclusivamente na audiência da Rádio Nacional e nas chanchadas da Atlântida. Trabalhou em mais de 30 filmes.
Provavelmente foi a mais conhecida cantora brasileira da época. Como os demais cantores e compositores da Nacional, transitava por todos os gêneros e versões. Sua versão de "Cachito" ("Cachito, cachito, cachito mio"), de Consuelo Velasquez, foi sucesso nacional.
Bebeu, também, na fonte dos sambas-canções da época. Gravou o clássico "Se Queres Saber", de Peterpan.
Mas a imagem mais forte de Emilinha foi a da cantora alegre, das marchinhas e sambas de Carnaval, imortalizados em muitas chanchadas da Atlântida. É dela a gravação original da rumba "Escandalosa" ("Um dia, uma vez lá em Cuba, dançando uma rumba, disseram que eu era/ escandalosa"), de Djalma Esteves e Moacir Silva, seu primeiro sucesso, de 1947, e o clássico "Chiquita Bacana", de João de Barro e Alberto Ribeiro.
Dentre os diversos gêneros que percorreu, passou até pelo dobrado. Sua gravação de "Canção do Marinheiro" ("Qual cisne branco / que em noite de lua"), de Benedito X. de Macedo e Antonio do Espírito Santo, lhe rendeu o título de "a favorita da Marinha".
Com a invasão da televisão, seu tempo passou. Problemas nas cordas vocais, em 1968, apressaram o seu fim como cantora. Permaneceu o mito.


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