JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

São Paulo tem hoje tamanho número de parrillas que as há para todos os gostos -dentro do público que ama as carnes à moda argentina. E mesmo para quem não gosta tanto há espaço, pois os cardápios também estão se diversificando, permitindo que o cliente possa até passar sem churrasco numa parrilla como a nova Ladrillo, em Moema.
O restaurante fica num ponto de esquina, onde antes funcionaram bares. O espaço ficou agradável; é bem aberto, pequeno mas espaçoso, com mesas numa sacada coberta de um lado e num espaço ao ar livre no outro.
Seus criadores são brasileiros: Fernando Ruggiero, 52, e Murilo Canassa, 30, ambos estreantes na área (mas velhos amantes das parrillas da cidade). Já o responsável pela grelha é portenho: Daniel Mansur, 49, que chegou a trabalhar no Brasil nos anos 80 como assador, mas ultimamente vivia em Buenos Aires, até ser chamado para esse empreendimento.
O cardápio cobre os principais itens que se espera de uma parrilla mesmo que fique devendo um ou outro, como os chinchulines (tiras de tripa de boi). As mollejas (timos de novilho) são macias, há diferentes variedades de lingüiça (inclusive com recheios) e uma de morcilla (lingüiça de sangue).
O destaque entre as carnes oferecidas são os cortes do contrafilé (o ojo de bife, o bife ancho, o bife de chorizo), que chegam no ponto pedido.
A contribuição brasileira são os cortes de picanha, entre eles um perigoso bife al ladrilho: se pedido na porção grande (que é bem farta e pode ser dividida facilmente), a carne, sem que ninguém avise antes, vem cruelmente esfacelada, para ficar em pedaços mais finos -como se o jeito argentino de comer carnes requeresse tal providência.
Além dos acompanhamentos habituais (batatas fritas com alho e salsinha, polenta, farofa), há também um papillote de legumes bem variados. E para fugir das carnes, o cardápio sugere duas opções de peixe e cinco de massas e risoto. Como sobremesa, as panquecas de doce de leite são de lei.