UOL


São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"BALADA PARA AS MENINAS PERDIDAS"

Sexo, música e verossimilhança embalam Vange Leonel

DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas uma amostra da pressão que sofre a escritora, música e colunista da Folha como Vange Leonel num mundo como este pode ser vista na segunda página de seu novo romance, "Balada para as Meninas Perdidas", que é lançado hoje em São Paulo. Está lá, na ficha de catalogação: "1. Lesbianismo; 2. Romance Brasileiro". Ou seja, a obra é catalogada primeiro como "lésbica" e depois como "romance".
Pois este é o primeiro erro que se pode cometer ao abrir este livro. "Balada" é antes de tudo uma boa história, contada de maneira original e interessante, fosse sobre jardinagem, o lançamento da primeira cadela no espaço ou a relação entre duas grandes amigas e ex-namoradas, Lelê e Belzinha, como é o caso aqui.
Lelê é uma "women eater", Belzinha está com dor-de-cotovelo, as duas saem todas as noites na cena lésbica paulistana, em busca de sexo, amor e amizade, não necessariamente nessa ordem. Conhecem Wendy (Vange?) na boate Neverland, personagem enigmático, de 40 anos, que resolve voltar à noite em busca do tempo perdido.
Três aspectos se destacam em "Balada para as Meninas Perdidas". O primeiro é a riqueza com que as cenas de sexo são retratadas, nem todas publicáveis. "(...) um amor invisível, prazer, prazer, tudo ensopava, amor cego, invisível, coração batendo forte, prazer, prazer, até que um calor subiu do sexo à garganta, e então Belzinha gozou, gozou e gozou, três vezes em uma." Ufa!
O segundo é a trilha sonora que acompanha a história, listada na última página pela jornalista Cilmara Bedaque, inspirada talvez pelos textos do britânico Nick Hornby.
Vai de "a", de Alanis Morissette, a "ípsilon", de Yoko Ono, passando por nomes mais óbvios e clássicos como Billie Holiday, Janis Joplin, kd lang e t.A.T.u. e surpresas como Exene Cervenka e Hope Sandoval.
A terceira, e mais importante, é a verossimilhança com que vivem as duas amigas e seus casos, amores, amigas, noites e baladas, principalmente para quem mora em São Paulo. Observe as duas meninas rindo de mãos dadas naquela mesa ao lado, nesta noite de domingo no Ritz da alameda Franca. Podem muito bem ser Lelê e Belzinha.
(SÉRGIO DÁVILA)


Balada para as Meninas Perdidas   
Autora: Vange Leonel
Editora: Edições GLS
Quanto: R$ 26,90 (170 págs.)
Lançamento: hoje, às 20h, no BOP Bistrô Eletrônico (r. Inácio Pereira da Rocha, 170, SP, tel.: 0/xx/11/ 3813-0513)



Texto Anterior: Música erudita: Festas da Sinfônica de São Paulo em Zurique
Próximo Texto: "Manual para Moças em Fúria": Livro vai do pós-feminismo ao punk rock
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.