|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"BALADA PARA AS MENINAS PERDIDAS"
Sexo, música e verossimilhança embalam Vange Leonel
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas uma amostra da
pressão que sofre a escritora,
música e colunista da Folha como
Vange Leonel num mundo como
este pode ser vista na segunda página de seu novo romance, "Balada para as Meninas Perdidas",
que é lançado hoje em São Paulo.
Está lá, na ficha de catalogação: "1.
Lesbianismo; 2. Romance Brasileiro". Ou seja, a obra é catalogada
primeiro como "lésbica" e depois
como "romance".
Pois este é o primeiro erro que
se pode cometer ao abrir este livro. "Balada" é antes de tudo uma
boa história, contada de maneira
original e interessante, fosse sobre
jardinagem, o lançamento da primeira cadela no espaço ou a relação entre duas grandes amigas e
ex-namoradas, Lelê e Belzinha,
como é o caso aqui.
Lelê é uma "women eater", Belzinha está com dor-de-cotovelo,
as duas saem todas as noites na
cena lésbica paulistana, em busca
de sexo, amor e amizade, não necessariamente nessa ordem. Conhecem Wendy (Vange?) na boate Neverland, personagem enigmático, de 40 anos, que resolve
voltar à noite em busca do tempo
perdido.
Três aspectos se destacam em
"Balada para as Meninas Perdidas". O primeiro é a riqueza com
que as cenas de sexo são retratadas, nem todas publicáveis. "(...)
um amor invisível, prazer, prazer,
tudo ensopava, amor cego, invisível, coração batendo forte, prazer,
prazer, até que um calor subiu do
sexo à garganta, e então Belzinha
gozou, gozou e gozou, três vezes
em uma." Ufa!
O segundo é a trilha sonora que
acompanha a história, listada na
última página pela jornalista Cilmara Bedaque, inspirada talvez
pelos textos do britânico Nick
Hornby.
Vai de "a", de Alanis Morissette,
a "ípsilon", de Yoko Ono, passando por nomes mais óbvios e clássicos como Billie Holiday, Janis
Joplin, kd lang e t.A.T.u. e surpresas como Exene Cervenka e Hope
Sandoval.
A terceira, e mais importante, é
a verossimilhança com que vivem
as duas amigas e seus casos, amores, amigas, noites e baladas, principalmente para quem mora em
São Paulo. Observe as duas meninas rindo de mãos dadas naquela
mesa ao lado, nesta noite de domingo no Ritz da alameda Franca.
Podem muito bem ser Lelê e Belzinha.
(SÉRGIO DÁVILA)
Balada para as Meninas Perdidas
Autora: Vange Leonel
Editora: Edições GLS
Quanto: R$ 26,90 (170 págs.)
Lançamento: hoje, às 20h, no BOP
Bistrô Eletrônico (r. Inácio Pereira da
Rocha, 170, SP, tel.: 0/xx/11/ 3813-0513)
Texto Anterior: Música erudita: Festas da Sinfônica de São Paulo em Zurique Próximo Texto: "Manual para Moças em Fúria": Livro vai do pós-feminismo ao punk rock Índice
|