São Paulo, domingo, 04 de novembro de 2007

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Objetiva diz que reavaliará negócio, mas quer dar "benefício da dúvida"

DA SUCURSAL DO RIO

Em 24 de setembro, Objetiva e Martin Claret divulgaram nota informando que tinham assinado um protocolo de intenções. Se uma auditoria não encontrasse obstáculos, a primeira editora compraria 75% das ações da segunda, talvez ainda neste ano.
"A auditoria estava avançando bem, mas agora a gente vai considerar essa questão. É um fato novo, relevante", disse à Folha Roberto Feith, editor da Objetiva, ao ser informado dos casos de plágio das traduções da Martin Claret.
Feith contou que, depois do anúncio da carta de intenções, recebeu telefonema de um outro editor alertando-o de que poderia haver problemas com traduções da Martin Claret.
"Conversei com o Claret e ele me disse que, se problemas existissem relativos ao passado, assumiria plena responsabilidade, honraria os compromissos no sentido de pagar o que tivesse de ser pago, sanearia a questão. Acho que o senhor Claret é um homem sério e acredito que ele vá fazer isso. Quero dar o benefício da dúvida", afirmou Feith.

Invasão espanhola
A Martin Claret está no entroncamento de dois processos em curso no mercado editorial brasileiro. Um deles é a invasão de fortes grupos estrangeiros, em especial espanhóis.
O Santillana/Prisa, proprietário do maior jornal da Espanha, o "El País", entrou em 2001 no Brasil comprando, por R$ 150 milhões, a Moderna, uma das maiores no setor de livros didáticos.
Também adquiriu a Salamandra, originalmente voltada para livros infantis, e em 2005 arrematou 75% da Objetiva por R$ 20,3 milhões.
O Brasil já responde por 15% do faturamento do grupo, sendo seu terceiro mercado -atrás de Espanha e México. Os investimentos feitos aqui estão na casa dos R$ 250 milhões.
O também espanhol Planeta, um dos dez maiores grupos do mundo, lançou há quatro anos uma editora com seu nome no Brasil, fazendo lances ousados como a retirada do best-seller Paulo Coelho da editora Rocco. Entre seus autores, estão o colunista da Folha Carlos Heitor Cony, Fernando Morais e Mario Prata.

Bolso
O outro processo é o do aumento das vendas de livros de bolso. O segmento é liderado pela editora gaúcha L&PM, que em dez anos vendeu cerca de 7 milhões de exemplares de seus quase 700 títulos.
A Companhia das Letras publicou 73 desde 2005, e a Record estreou em setembro passado com 24.
"A Martin Claret nos permitiria entrar nesse mercado com uma escala ampla de distribuição, pois tem 2.400 pontos de exposição. O que nos motivou foi essa possibilidade de ter de pronto uma estrutura voltada para esse nicho", explicou Roberto Feith.


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