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Canções trocam
política por festa e hippismo
DO ENVIADO AO RIO
Doces Bárbaros foi o nome
que Caetano Veloso, Gal Costa,
Gilberto Gil e Maria Bethânia
adotaram ao se reunirem em
turnê nacional que se transformou no álbum duplo homônimo de 1976.
O tom era de revisitação à
tropicália, oficialmente encerrada em 68 com o exílio de Caetano e Gil, e de absorção da estética hippie a que Gal, especialmente, havia se entregado
na ausência dos parceiros. Hippies, festivas e metafóricas, as
canções evitavam qualquer
menção política, contrariando
nesse ponto o espírito tropicalista de nove anos antes.
Os discos ao vivo ainda eram
raros na época, e o registro sonoro deficiente era compensado por farto material inédito.
Havia releituras como a do
clássico antigo "Atiraste uma
Pedra" e uma maioria de canções compostas especialmente
por Caetano e Gil, sozinhos ou
em dupla.
Caso raro, Bethânia e Gal
apareciam como autoras
-uma dividindo "Pássaro
Proibido" com o irmão e a outra homenageando Rita Lee em
"Quando", composta com
Caetano e Gil. A lista de canções que devem ser relidas trazia "Chuck Berry Fields Forever", "Esotérico", "Um Índio" e
o hino hippie/tropicalista de
(re)tomada de poder "Os Mais
Doces Bárbaros".
A excursão original do quarteto teve uma interrupção imprevista, em Florianópolis: os
quatro artistas foram revistados no hotel por suspeita de
consumo de drogas; Gil foi preso, julgado e condenado por
porte de maconha.
Os quatro se contradizem
quanto a lembrarem do episódio durante os reencontros. "A
gente fica lembrando...", divaga Gal. "Que horror, ninguém
fica lembrando, não. Aquilo foi
horrível", protesta Bethânia, ao
mesmo tempo em que Gil desmente: "Nos lembramos, sim,
conversamos sobre aquilo".
Caetano, que estava viajando,
dá o veredicto: "Bethânia não
estava presente quando conversamos sobre isso". E encerra, em tom de blague: "Mas pode ter certeza de que esse episódio não vai acontecer de novo".
(PAS)
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