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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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Bolshoi dança nas curvas de Niemeyer

Arquiteto realiza projeto da filial brasileira da tradicional escola russa

KATIA CALSAVARA
ENVIADA ESPECIAL A JOINVILLE (SC)

Um pas-de-deux histórico foi (coreo)grafado por quem jamais colocou sapatilhas nos pés. O arquiteto Oscar Niemeyer, 96, põe no mesmo palco o seu traço e a linha, para lá de tradicional, da escola russa de balé no projeto da nova sede da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, que começa a ser construída em março de 2004.
A única filial do Bolshoi fora da Rússia está localizada em Joinville (SC), é provisória e foi inaugurada em março de 2000.
As instalações, atualmente distribuídas em 6.000 m2, parecem pequenos pliés -movimento utilizado para dar impulso e preparar outros passos- diante dos grandes saltos de seus alunos-bailarinos.
O atual projeto, cedido por Niemeyer, que até então nunca havia idealizado uma escola de bailado, prevê a construção de uma verdadeira cidade da dança nas montanhas do bairro da Boa Vista, em Joinville, com capacidade para mil estudantes -a atual sede comporta 300. Serão 40 mil metros de área construída em um terreno sinuoso de 500 mil m2, para o qual também está prevista a construção de um parque urbano da prefeitura local.
"O prédio acompanha o terreno, que deu a forma espontânea da construção. É bem diferente de tudo o que já fiz. É um projeto complexo, importante para o Brasil, não só por sua arquitetura, mas por sua finalidade e por ser voltado aos jovens", disse Niemeyer à Folha, por telefone. "É uma obra que vale a pena ser realizada. Foi idealizada em cerca de um mês, um trabalho que me deu muito prazer. A construção do teatro parte de uma rampa e vai causar surpresa porque não há nenhum desse estilo no mundo."
Como nem só nas barras vivem os bailarinos, a nova construção, dividida em três blocos, terá dois cinemas, teatro com capacidade para 800 pessoas, 30 salas de aula com piso de madeira especial, 25 estúdios de piano, individuais e coletivos, prédio de 17 andares, que servirá de moradia para 240 alunos, e dezenas de professores, núcleo de saúde, bibliotecas e ateliês de figurinos.
"Os russos se acostumaram a olhar um pouco assustados para os nossos projetos porque não imaginavam que conseguiríamos evoluir tanto com a escola", diz João Prestes, 49, representante do Teatro Bolshoi na empreitada.
A diretora da escola, Jô Braska Negrão, diz que algumas instituições da Suíça, Itália e Rússia, além de outras brasileiras, já se mostraram interessadas em colaborar com o projeto. Negrão recebeu as plantas anteontem, às quais a Folha teve acesso.
Niemeyer transformou os quatro núcleos previamente determinados pelos diretores em apenas três, reunindo no mesmo prédio de moradia alunos e professores. A cúpula docente vai morar nos últimos três andares do prédio. No topo haverá um terraço com vista para o mar. O teatro, que tem a forma de caracol, é ligado aos outros blocos por passarelas.


A jornalista Katia Calsavara viajou a convite da Escola do Teatro Bolshoi

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