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Bolshoi dança nas curvas de Niemeyer
Arquiteto realiza projeto da filial brasileira da tradicional escola russa
KATIA CALSAVARA
ENVIADA ESPECIAL A JOINVILLE (SC)
Um pas-de-deux histórico foi
(coreo)grafado por quem jamais
colocou sapatilhas nos pés. O arquiteto Oscar Niemeyer, 96, põe
no mesmo palco o seu traço e a linha, para lá de tradicional, da escola russa de balé no projeto da
nova sede da Escola do Teatro
Bolshoi no Brasil, que começa a
ser construída em março de 2004.
A única filial do Bolshoi fora da
Rússia está localizada em Joinville
(SC), é provisória e foi inaugurada
em março de 2000.
As instalações, atualmente distribuídas em 6.000 m2, parecem
pequenos pliés -movimento utilizado para dar impulso e preparar outros passos- diante dos
grandes saltos de seus alunos-bailarinos.
O atual projeto, cedido por Niemeyer, que até então nunca havia
idealizado uma escola de bailado,
prevê a construção de uma verdadeira cidade da dança nas montanhas do bairro da Boa Vista, em
Joinville, com capacidade para
mil estudantes -a atual sede
comporta 300. Serão 40 mil metros de área construída em um
terreno sinuoso de 500 mil m2, para o qual também está prevista a
construção de um parque urbano
da prefeitura local.
"O prédio acompanha o terreno, que deu a forma espontânea
da construção. É bem diferente de
tudo o que já fiz. É um projeto
complexo, importante para o Brasil, não só por sua arquitetura,
mas por sua finalidade e por ser
voltado aos jovens", disse Niemeyer à Folha, por telefone. "É uma
obra que vale a pena ser realizada.
Foi idealizada em cerca de um
mês, um trabalho que me deu
muito prazer. A construção do
teatro parte de uma rampa e vai
causar surpresa porque não há
nenhum desse estilo no mundo."
Como nem só nas barras vivem
os bailarinos, a nova construção,
dividida em três blocos, terá dois
cinemas, teatro com capacidade
para 800 pessoas, 30 salas de aula
com piso de madeira especial, 25
estúdios de piano, individuais e
coletivos, prédio de 17 andares,
que servirá de moradia para 240
alunos, e dezenas de professores,
núcleo de saúde, bibliotecas e ateliês de figurinos.
"Os russos se acostumaram a
olhar um pouco assustados para
os nossos projetos porque não
imaginavam que conseguiríamos
evoluir tanto com a escola", diz
João Prestes, 49, representante do
Teatro Bolshoi na empreitada.
A diretora da escola, Jô Braska
Negrão, diz que algumas instituições da Suíça, Itália e Rússia, além
de outras brasileiras, já se mostraram interessadas em colaborar
com o projeto. Negrão recebeu as
plantas anteontem, às quais a Folha teve acesso.
Niemeyer transformou os quatro núcleos previamente determinados pelos diretores em apenas
três, reunindo no mesmo prédio
de moradia alunos e professores.
A cúpula docente vai morar nos
últimos três andares do prédio.
No topo haverá um terraço com
vista para o mar. O teatro, que
tem a forma de caracol, é ligado
aos outros blocos por passarelas.
A jornalista Katia Calsavara viajou a
convite da Escola do Teatro Bolshoi
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