São Paulo, segunda-feira, 04 de dezembro de 2006

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Siron Franco expõe 35 quadros em mostra no Tomie Ohtake

Artista também abrirá exposição na Galeria Nara Roesler no próximo dia 14

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando ouve dizer que sua pintura está mais abstrata, Siron Franco rebate: "Mais abstrata coisa nenhuma!". Não estaria nem a caminho da abstração?- é de se perguntar à frente de pinceladas difusas e texturas nebulosas de alguns dos 35 quadros na individual do artista que abre amanhã, no Instituto Tomie Ohtake, com curadoria de Agnaldo Farias.
Não, reitera, "continua figurativa, só que a figuração vem de outros lugares, de marcas no chão, da arquitetura, da paisagem do cerrado, por exemplo; e os contornos não são tão bem definidos como eram antes".
A diferença entre essa atual produção -boa parte das obras são dos últimos cinco anos-e a antiga é marcante; formaliza-se pela experiência com técnicas e recursos mais comuns na abstração, aplicadas, no entanto, ao imaginário de um Siron antes bastante realista.
A figuração ainda pode surgir após algum tempo de concentração diante de cada obra. "Depois de uns 40 segundos", calcula o artista
A imagem se desembaça, a vista vai pescando um ou outro contorno, ora de figuras humanas meio escondidas entre as pinceladas, como em "Traços Familiares", ora de um elemento arquitetônico qualquer, uma escada, uma porta, como em "Casa Vermelha".

Fase antiga
Para quem conhece a fase antiga, dos anos 70 e 80, principalmente, é possível reconhecer a representação de olhos, bocas e narizes meio fantasmagóricos, esquisitos, sinistros até. Agora sempre como parte de uma sobreposição de várias camadas de tinta.
Uma nuvem passa pelas criaturas e paisagens de Siron, mas elas continuam lá, sob a pesquisa do shodô, caligrafia japonesa que utiliza um único gesto com o pincel.
Também é recorrente a técnica de deixar a tinta ainda fresca escorrer pela tela. O degrau entre uma produção e outra -ou seria melhor dizer "o caminho", já que Siron nunca deixou de pintar, em seu ateliê próximo à cidade de Goiânia- também tem o respiro de dez anos sem exposições das pinturas desse período.
A produção de Siron que veio a público nos últimos tempos focou seus tridimensionais, a exemplo dos bonecos, na inauguração da Estação Pinacoteca, feitos de peças do vestuário, sob o título "Intolerância".
Além de expor no Tomie Ohtake, Siron também abre exposição na Galeria Nara Roesler no dia 14, com quadros do mesmo período de produção.


SIRON FRANCO
Onde:
Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201, Pinheiros, tel. 0/ xx/11/2245-1900)
Quando: abertura: amanhã, às 20h, para convidados; ter. a dom.: 11h às 20h
Quanto: entrada franca


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