São Bernardo cria mais um projeto para a área dos estúdios Vera Cruz, ociosa há quase quatro décadas

Luiz Carlos Murauskas/Rafael Hupsel/Folha Imagem

No alto, fachada dos estúdios Vera Cruz nos anos 1980; acima, nos dias de hoje, espaço sedia feiras

ANA PAULA SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem bem tinham esfriado as cadeiras alugadas para a pré-estreia de "Lula, o Filho do Brasil" e a montagem de uma feira de imóveis colocava os antigos estúdios Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, de volta à realidade: um enorme espaço vazio, figurinos puídos, um teatro inacabado e um lago artificial sem água.
Mas a exibição da biografia do presidente Lula, no último sábado, não aconteceu ali por acaso. O cinema improvisado, com o ar-condicionado insuficiente e falhas no som, serviu para amparar uma plataforma do PT de São Bernardo do Campo. O prefeito Luiz Marinho e o secretário de Cultura, Leopoldo Nunes, ex-diretor da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e da TV Brasil, prometem concretizar, de uma vez por todas, um projeto de revitalização dos estúdios criados em 1949, abrigo de estrelas como Eliane Lage, Mazzaropi, Tônia Carrero e Anselmo Duarte.
Desde 1973, quando, depois de um enredo de dívidas e mudanças societárias, a empresa chamada Vera Cruz mudou-se para São Paulo, o espaço vive sem eira nem beira. Não por falta de projetos. O esqueleto do maior deles, anunciado pelo governador Mário Covas (1930-2001), em 1997, está lá, como um teatro fantasma.
"Não adianta falar em polo de produção. Nosso projeto envolve formação, memória mas também pensa na economia audiovisual", diz Nunes, que insiste que, desta vez, o filme terá um final diferente. "Queremos trazer o mercado aqui para dentro."
A exibição de "Lula" foi o primeiro passo público em direção a esse objetivo. Outro, será dado no próximo dia 15. Nesta data, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, deve ir a São Bernardo para assinar convênios com a Prefeitura e anunciar a compra do acervo de filmes, hoje em posse da família Khouri. Também deve ser anunciada a criação de uma escola voltada ao audiovisual, com foco na animação, a ser dirigida por Orlando Senna, ex-secretário do Audiovisual do governo Lula e ex-diretor da TV Brasil.
Em janeiro de 2010, segundo o secretário, terão início as obras para a construção de um centro cultural e será aberta a licitação para um novo projeto para os estúdios. Iniciado o ano legislativo, será encaminhado à Câmara o projeto de criação da Fundação Pierino Massenzi, que deve manter o complexo.
"Ainda não temos nenhuma informação, só burburinho", diz o vereador Juarez Tadeu Ginez (PSDB), da Comissão de Educação e Cultura da Câmara. "Estamos escaldados com falatórios de projetos para a Vera Cruz. Mas este parece um plano político mais amplo."


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: MinC compra acervo de 40 filmes
Índice