|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Declaração traz melancolia à França
DE PARIS
A declaração de Jean-Marie
Messier trouxe revolta e melancolia ao sistema cultural da França.
Ele seria o símbolo empresarial
máximo do país na nova economia, uma chance de a cultura
francesa ombrear, por dentro,
com o poder americano, e uma
oportunidade para a sua produção cultural penetrar na América.
Ao contrário, a declaração do
empresário caracterizou uma
traição e deixou os franceses
acuados com a perspectiva de que
a sua "exceção" seja cada vez menos compreendida num mundo
americanizado em extremo.
O próprio J2M parece ter trocado de pátria ao se mudar para Nova York em setembro, pouco antes dos atentados do dia 11.
A divulgação subsequente dos
bons resultados do cinema francês pelo Centro Nacional de Cinematografia teve efeito de contrapropaganda. Com 215 estréias durante 2001, os filmes do país fizeram 185 milhões de entradas nas
salas (41%).
No mercado norte-americano, a
bilheteria dos filmes franceses foi
de cerca de US$ 30 milhões (R$ 72
milhões) em 2001, contra US$ 6,8
milhões em 2000.
"O Fabuloso Destino de Amélie
Poulain" foi o filme mais visto na
França e é o maior sucesso do país
junto ao público americano em
mais de 20 anos -com receita de
US$ 12 milhões. No Brasil, sua estréia está prevista para o próximo
dia 8 de fevereiro.
O filme de Jean-Pierre Jeunet é
uma fantasia romântica e otimista
que explora tanto os recursos digitais avançados quanto a iconografia tradicional do cinema francês (dos anos 40 a 60, do realismo
poético à nouvelle vague).
Sua atriz, a simpática Audrey
Tatou (que lembra Audrey Hepburn), fascina o público. Já começou nos EUA uma campanha para colocá-la entre as concorrentes
ao Oscar de melhor atriz.
O filme é também um dos favoritos ao Oscar de melhor produção estrangeira. Nos Estados Unidos, é distribuído pela poderosa
Miramax.
O cinema francês, que não
constitui uma indústria como a
americana e a indiana, permanece
dividido entre a vocação comercial e artística dos filmes.
A dificuldade do filme comercial é encontrar o seu público, o
que está sendo superado. Novos
diretores surgem no cenário decididos a alcançar grandes bilheterias.
O regime da "exceção cultural"
permite que tanto os blockbusters
quanto os pequenos filmes autorais sejam realizados. Permite
também co-produções com vários países, fazendo da França a
ponte para a realização de filmes
de países europeus (Portugal),
árabes (os filmes iranianos), asiáticos e mesmo latino-americanos.
(ALN)
Texto Anterior: A nova queda da Bastilha Próximo Texto: Loteria do Reino Unido beneficia "boas causas" Índice
|