HUMBERTO FINATTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um dos lendários e mais importantes grupos do rock inglês dos anos 60, The Yardbirds está de volta ao disco após três décadas e meia sem lançar material inédito.
Quase ao apagar das luzes de 2003 a banda, que mantém em sua formação atual apenas dois integrantes originais (o guitarrista Chris Dreja e o baterista Jim McCarty, que fundaram o conjunto na cidade de Surrey, em 1963), lançou o álbum "Birdland".
Trata-se de um trabalho composto de faixas inéditas e regravações de clássicos do Yardbirds, nome que ganhou notoriedade por ter contado com os maiores guitarristas da história do rock -Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page, sendo que os dois últimos chegaram a tocar ao mesmo tempo- no auge de sua trajetória.
O quinteto original, que ainda contava com Keith Relf nos vocais e Paul Samwell-Smith no baixo, acabou em 1968. Porém o guitarrista e fotógrafo Chris Dreja voltou a excursionar com o grupo em meados dos anos 90.
"Levamos 35 anos para gravar um novo disco, mas estávamos fazendo shows desde a década passada", diz Dreja, 57, em entrevista à Folha, de Londres.
"Resolvemos reformar a banda quando fomos convidados para um show no Marquee [casa de espetáculos de Londres]. Percebemos que podíamos tocar com a energia e a paixão de antes."
E o que se pode esperar da nova safra de canções dos Yardbirds? ""Birdland" é um retrato fiel dos Yardbirds", afirma Dreja. "Tanto as regravações das músicas antigas quanto o material inédito refletem a essência da banda, porém com uma produção melhor e uma mixagem perfeita, algo que não conseguimos naquela época."
Não há como comparar o "novo" som do grupo com o que foi gravado há 40 anos. Afinal, mesmo contando com os recursos que a tecnologia atual oferece além dos convidados especiais (como os guitarristas Jeff Beck, Brian May e Joe Satriani), as canções novas apenas oferecem uma pálida imagem do que era o rhythm'n'blues e o rock de guitarras psicodélicas destilado então.
De todo modo, Dreja se mostra satisfeito com o resultado obtido. E se revela um entusiasta da atual geração do rock mundial. "Eu gosto muito do Red Hot Chili Peppers, dos Strokes, do White Stripes", diz.
O velho guitarrista só lamenta que, mesmo passando por uma boa fase, este "novo rock" não possua o mesmo poder de criação e de inovação que havia na década de 60. "Hoje é quase impossível ser original, resta apenas reinterpretar o que já foi feito. Tivemos muita sorte de surgir naquela época. Se começássemos hoje, só nos restaria copiar os outros."