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Décima edição do festival carioca Humaitá Pra Peixe terá novos nomes do cenário pop do Rio de Janeiro
O milagre da multiplicação dos peixes
ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Enquanto os termômetros
anunciam o verão carioca mais
quente dos últimos dez anos, o
tradicional festival Humaitá Pra
Peixe aproveita para esquentar a
temperatura da estação na edição
em que comemora uma década
-o que inclui até o lançamento
de um novo selo de discos.
O evento começa hoje, em Ipanema, com a primeira noite da
temporada de BNegão e seus Seletores de Frequência (que segue
por todas as segundas de janeiro),
e termina no próximo dia 3 de fevereiro, no Canecão, com show de
encerramento pilotado pelo grupo Pato Fu.
Mas, na essência, o festival
"continua sendo para novos talentos musicais de variados estilos", diz o produtor Bruno Levinson. "São chamados artistas que
julgo prontos para conquistarem
mais público e entrarem no mercado. Artistas autorais com identidade artística bem definida."
Além dos citados, ainda passam
pelo festival (que ocupa, principalmente, o Espaço Cultural Sérgio Porto, no bairro do Humaitá)
nomes que compõem a nova cara
da cena carioca: do rapper Marechal (que convida seus compadres do coletivo Quinto Andar) à
estréia solo do baterista Nervoso,
passando pelo drum'n'bass latino
de Marcelinho Da Lua, dois herdeiros de Novos Baianos (Pedro
Baby e Ari Moraes) e a volta do
grupo Acabou La Tequila.
A décima edição do Humaitá
Pra Peixe comemora a chegada de
um dos primeiros filhotes do
evento, o selo Cardume, que lançará quatro artistas por ano.
Os primeiros lançamentos do
selo são a estréia solo de China,
ex-vocalista do grupo pernambucano Sheik Tosado; a cantora
Thalma de Freitas (filha do maestro Laércio de Freitas) e os cariocas Bangalafumenga e Jimi James,
que se apresentam no festival.
O selo é uma parceria da produção do festival com a gravadora
EMI. "Eles querem que o Cardume seja a maternidade de novos
artistas para eles, e é exatamente
isso que quero ser", diz Levinson,
que explica que, durante o festival, o público receberá um single
com uma faixa de cada artista.
"Em março, saem juntos os
quatro EPs com seis faixas de cada
um. Queremos lançar os discos
com a volta às aulas. Circuito estudantil será o nosso foco principal", diz, explicando que deseja
fazer com que o preço dos discos
não passe de R$ 12,90.
Os próximos passos do Humaitá incluem um programa de rádio, uma versão itinerante do
evento, um DVD com os primeiros artistas do selo e um projeto
de venda de discos num ponto de
vendas nada ortodoxo: uma van.
"Não posso ficar dependendo
das vendas no mercado tradicional de discos, até porque esse
mercado tradicional está ruindo",
afirma Levinson. "E essa idéia da
Towner Discos é uma das que
mais gosto. Pretendo chamar outros selos para essa história."
Acabou La Tequila
Uma das principais atrações da
décima edição do festival Humaitá Pra Peixe é a volta do grupo
Acabou La Tequila, banda dos
anos 90 que é crucial para entender o atual pop carioca, de Los
Hermanos a Autoramas, passando pela Orquestra Imperial, De
Leve, Matanza e os Djangos. O
grupo, formado na metade dos
anos 90, lançou apenas um disco
homônimo e desapareceu.
"Nosso segundo disco tinha
uma música falando sobre jabá de
rádio e queríamos que essa fosse a
música de trabalho", explica o
produtor Kassin, um dos integrantes da banda, que hoje toca
com Moreno Veloso e Domenico.
"O cara da gravadora pediu que
mudássemos a letra, não mudamos, e o disco não saiu."
Kassin conta que esse trabalho,
considerado o "disco perdido" do
grupo, será lançado neste ano, pela sua gravadora, a Ping Pong.
O grupo voltou no final do ano
passado em aparições não anunciadas em festas. A apresentação
do Humaitá Pra Peixe 2004 marca
a volta do grupo. "Teremos no
palco Gabriel [Thomaz, guitarrista do grupo Autoramas] tocando
teclado e o Perna, que foi o nosso
primeiro baterista. Seremos duas
baterias, três guitarras, baixo e teclado." É ver para crer.
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