São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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MÔNICA BERGAMO

POLÊMICA DO MINC


"Estamos a um passo do totalitarismo", diz Caetano

Tuca Vieira/Folha Imagem
Gilberto Gil e Caetano Veloso abraçados em show comemorativo do aniversário de SP, um ano antes da polêmica do MinC


Caetano Veloso entra na briga entre Ferreira Gullar e o Ministério da Cultura de Gilberto Gil. Ao lado de Gullar, e não de seu ex-companheiro de tropicalismo. Caetano escreveu uma carta aberta em resposta a Sérgio Sá Leitão, secretário de Políticas Públicas do MinC. Sá Leitão chamou Gullar de defensor do stalinismo depois que o poeta fez críticas à gestão do MinC na Sabatina Folha, no fim do ano passado. Abaixo, a carta:
 

"Sérgio Sá Leitão escreveu: "Por fim, deixo uma pergunta: por que a crítica de Gullar é um gesto democrático, e a crítica a Gullar, um ato de autoritarismo?". Eu respondo: porque a crítica a Gullar partiu do poder público. O Ministério da Cultura é governo, ministérios são braços do executivo, suas aprovações ou desaprovações são oficiais. Um poeta não pode expurgar um governo. Governos totalitários são viciados em expurgar poetas. Se um ministério demonstra não aceitar críticas -pior: exige adesão total a suas decisões-, estamos sim a um passo do totalitarismo; se um poeta expõe de público discordância -ou simples desconfiança- dos rumos de um ministério, temos democracia."
 

"E que história é essa de "ex-privilegiados do cinema'? Estamos de volta à retórica demagógica dos tempos da "Ancinav'? Num país em que o que mais se vê é filme de diretor estreante? E chamar os produtores e diretores consagrados (pelas bilheterias, pelo pioneirismo, pelo prestígio internacional) de "ex-privilegiados'! Esse "ex" é uma sentença de condenação aos que produziram cinema por anos ou décadas? Gullar pode ter sido comunista (não me consta que tenha sido stalinista), mas não há nada de totalitário em apoiar aqueles que, tendo contribuído decisivamente para a história do cinema e do teatro brasileiros, suspeitavam que, por trás das idéias igualitárias, queriam chamá-los de oportunistas."
 

"Essa gente do governo anda para trás. No Brasil a regra era: se você tem um histórico rico em contribuições, esse histórico pesará CONTRA você. Os loucos do Cinema Novo, os loucos da bossa nova, os tropicalistas, o Clube da Esquina, os atores e diretores competentes, os produtores dispostos -um mundo de gente provou que essa regra pode ser desafiada. Agora vêm esses ex- jornalistas, ex-ecologistas e ex-tropicalistas querer destruir o que foi feito nesse sentido. Passei décadas vendo filmes suecos, todos dirigidos por Bergman (e lá ele ainda chiava porque tinha que pagar impostos altos à social-democracia): não creio que devêssemos penalizar Bergman por roubar a oportunidade a milhares de talentos suecos não revelados. Descentralização?"
 

"Nos Estados Unidos (a mais bem-sucedida indústria cinematográfica do mundo) é tudo num bairro de Los Angeles. Não é "eixo Rio-São Paulo", não: é Hollywood. Gilberto Gil é meu irmão, meu amor, meu companheiro de viagem -não pode deixar de observar esses aspectos da questão. Deve haver vários outros aspectos que podem ser discutidos, mas, como Gullar, não estou inteirado (e, como ele, não sou obrigado a estar). De todo modo, não creio que algo desqualificasse os argumentos que expus acima e que são de caráter geral. Caetano Veloso."

FEITIÇO 1
Paulo Coelho tem novo sonho: quer adaptar "O Príncipe", de Maquiavel. O escritor pretende transformar a obra em algo mais acessível para os leitores.

FEITIÇO 2
Outro projeto que ele quer tirar da gaveta é o lançamento de um CD com composições suas. Além das já célebres que fez com Raul Seixas -como "Gita"- Coelho pretende recuperar os fonogramas originais de músicas dele cantadas por Elis Regina ("Me Deixas Louca"), Lílian ("Sou Rebelde") e Rita Lee. No clássico "Fruto Proibido", disco dela com a banda Tutti Frutti, o mago tem três canções em parceria com a roqueira: "Cartão Postal", "O Toque" e "Esse Tal de Roque Enrow".

TINTA
Para quem acha que a relação de Antônio Palocci com José Dirceu anda mal: o ministro da Fazenda deu ao ex-deputado uma Mont Blanc dourada de Natal.

QUEM TE VIU
Em 2000, para criticar o então ministro tucano Pedro Malan, da Fazenda, o petista Aloizio Mercadante atribuiu a ele o uso de uma Mont Blanc. Malan disse que não usava esta caneta- e sim outra, "vagabunda".

FRANJAS DE OURO
O Palácio do Planalto abriu licitação para comprar uma faixa presidencial novinha em folha. Por R$ 38 mil. A faixa, em cetim verde-bandeira e amarelo-ouro, terá fios de ouro 18 quilates nas franjas e nos bordados. E revestimento à prova d'água.

DOIS PAIS DE ZEZÉ
Francisco Camargo, o "muso" do filme mais visto de 2005, começou emplacando em 2006. Acompanhado da mulher, Helena, estampa a contracapa de uma agenda promocional de "2 Filhos de Francisco". Na capa, é claro, os filhos Zezé e Luciano.

GLOBALIZOU
A apresentadora Sarah Oliveira, hoje na MTV, assinou contrato com a TV Globo. Será repórter do "Vídeo Show".

NOTA DE CORTE
E o clima entre os outros VJs da emissora musical continua tenso: ainda não foi divulgada a lista dos apresentadores que serão substituídos por caras novas. Thaíde ("Yo!") e Gabriel Moojen ("Mochilão") devem estar entre eles.

FIM DE CICLO
A empresária Mônica Monteiro, que cuidava do cast da agência IMG até o encerramento das atividades da filial brasileira, no início desta semana, garante que continuará agenciando duas das mais importantes tops de seu elenco, Letícia Birkheuer e Michelle Alves. "Vou abrir uma nova agência. O processo está em andamento. Só falta definir o nome da empresa", diz. E Gisele Bündchen, também vai junto? "Ela, não."

@ - bergamo@folhasp.com.br

COM JOÃO LUIZ VIEIRA, DANIEL BERGAMASCO E LUCIANA OBNISKI


CURTO-CIRCUITO

O DJ residente Julio Torres recebe como convidado o DJ
norte-americano Neil Aline no D-Edge, hoje, às 24h.
O DJ holandês Tiësto faz apresentação única no Brasil no Marina
Santa Aldeia, no Guarujá, amanhã, a partir das 20h.
A humorista Cláudia Rodrigues, de "A Diarista", inicia nesta
semana turnê nos EUA. Apresentará show solo para
comunidades brasileiras em Nova York e Los Angeles.


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