São Paulo, #!L#Sábado, 05 de Fevereiro de 2000


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ZÉ CELSO

Esse, que nem morreu, já é imortal. Hoje já é o um dia de celebração de uma estrela-guia da grandeza, delicadeza, beleza, potencialidade do teatro brasileiro, e mais importante que isso, do que pode ser o ser humano. Além do poeta dos livros deliciosos, sutis e poderosos, fica o mestre, artista, estrategista, pensante e público atuante. Exemplo necessário para essa nossa época de encolhimento público do teatro e do poder humano. Décio era o diretor do GTU com seus maravilhosos boys and girls da revista "Clima".
Com sua qualidade essencial de delicadeza crítica, social, sem nenhum juízo de deus, em música proustiana de textos gostosos. Um escrever tão bruto como o meu, num tempo mortal de estreitamento, clama pelo eterno retorno da tua delicadeza, da tua grandeza. Nas Cacildas!!!!, você é personagem, mas hoje vejo que tenho que reescrever. Hoje compreendi que você, como Cacilda, é um fruto a ser replantado, cultivado, adorado, comido. Te choro rindo, porque você é a história do Brasil que quer se completar. Adoração.

José Celso Martinez Corrêa, 62, diretor do Oficina


ANTUNES FILHO


O Décio foi seminal na minha carreira. Foi ele quem me levou para o Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, onde convivi com os grandes encenadores italianos, como Ruggero Jacobbi e Adolfo Celi, nas décadas de 40 e 50. Ele foi o pólo-norte da gente, o precursor da moderna crítica teatral no Brasil. Era duro e impiedoso quando necessário. Não tinha aquela coisa da crítica de hoje, do "gosto-não-gosto", que virou uma espécie de doçaria. Mesmo quando errava, o Décio errava com honestidade e competência. Ele deixou claro nos seus pensamentos que é necessário uma profunda bagagem cultural para ser crítico. Mesmo afastado da cena teatral, nos últimos anos, seguiu escrevendo seus livros, transmitindo a importância da base universitária. Sem a universidade, esse nervo central, não é possível avançar em qualquer campo da arte, seja na literatura, no teatro, enfim. O Brasil precisa melhorar muito no campo das ciências humanas, é isso que determina a cultura. Eu temo muito a falta dele entre nós, para quem a função do crítico era, antes de tudo, uma função social.


Antunes Filho, 70, diretor do Centro de Pesquisa Teatral (CPT-Sesc)




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