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Riqueza gráfica marca livro sobre o arquiteto
da enviada a Salvador
Croquis, esboços livres,
plantas e cortes se somam
às cerca de 450
fotos e descrições de projetos, revelando a
obra e traços da personalidade
do carioca Lelé.
Além da riqueza gráfica, "João
Filgueiras Lima, Lelé", livro lançado na Bienal de Arquitetura
em edição bilíngue (português e
inglês) pelo Instituto Lina Bo e P.
M. Bardi e pela Editorial Blau, é
didático e documental, sem,
contudo, ser burocrático ou se
aprofundar excessivamente nas
explicações técnicas.
Como um cuidadoso "making
of" da carreira de Lelé, o livro
mostra, desde o início, nos projetos na Universidade de Brasília, o processo de industrialização da construção, que marca
toda a obra do arquiteto.
Fotos de canteiros de obras,
desenhos das peças pré-fabricadas e panorâmicas das fábricas
de construção indicam que se
trata de um tipo de profissional
que controla e interfere em todas
as etapas do processo construtivo. Além disso, registra tudo em
foto "para comparar com o projeto", diz.
Os textos que acompanham
cada sequência de fotos e plantas
são variados. Muitos são contemporâneos dos projetos e têm
sabor especial. Foram selecionados desde textos descritivos com
argumentação programática até
trechos mais livres, como cartas.
Numa delas, Lelé explica ao
amigo Darcy Ribeiro como concebeu o projeto que ainda espera
ver construído para abrigar a biblioteca de 30 mil volumes do
antropólogo.
É em cada um dos textos e
também na justaposição deles
que se pode conhecer melhor os
valores e o rigor conceitual do
arquiteto. No detalhamento do
processo de construção e nos espaços humanizados que resultam se pode vislumbrar a peculiaridade de sua arquitetura.
Abrem o volume depoimentos
de Lucio Costa e Oscar Niemeyer e uma entrevista longa e em
tom de bate-papo dada ao arquiteto Marcelo Ferraz, coordenador editorial do livro, e a Roberto Pinho, colaborador de Lelé.
Na entrevista, Lelé diz que se
considera um "subproduto" de
Niemeyer e Costa, defende insistentemente a idéia de que nunca
foi o "ideólogo" de nenhum dos
grandes projetos em que se envolveu, fala sobre sua colaboração com Lina Bo e sobre Le Corbusier.
(MG)
Livro: João Filgueiras Lima, Lelé
Organização: Marcelo Carvalho Ferraz
Editora: Editorial Blau e Instituto Lina
Bo e P.M. Bardi
Quanto: R$ 70 (268 págs.)
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