São Paulo, #!L#Sábado, 05 de Fevereiro de 2000


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Riqueza gráfica marca livro sobre o arquiteto

da enviada a Salvador


Croquis, esboços livres, plantas e cortes se somam às cerca de 450 fotos e descrições de projetos, revelando a obra e traços da personalidade do carioca Lelé.
Além da riqueza gráfica, "João Filgueiras Lima, Lelé", livro lançado na Bienal de Arquitetura em edição bilíngue (português e inglês) pelo Instituto Lina Bo e P. M. Bardi e pela Editorial Blau, é didático e documental, sem, contudo, ser burocrático ou se aprofundar excessivamente nas explicações técnicas.
Como um cuidadoso "making of" da carreira de Lelé, o livro mostra, desde o início, nos projetos na Universidade de Brasília, o processo de industrialização da construção, que marca toda a obra do arquiteto.
Fotos de canteiros de obras, desenhos das peças pré-fabricadas e panorâmicas das fábricas de construção indicam que se trata de um tipo de profissional que controla e interfere em todas as etapas do processo construtivo. Além disso, registra tudo em foto "para comparar com o projeto", diz.
Os textos que acompanham cada sequência de fotos e plantas são variados. Muitos são contemporâneos dos projetos e têm sabor especial. Foram selecionados desde textos descritivos com argumentação programática até trechos mais livres, como cartas.
Numa delas, Lelé explica ao amigo Darcy Ribeiro como concebeu o projeto que ainda espera ver construído para abrigar a biblioteca de 30 mil volumes do antropólogo.
É em cada um dos textos e também na justaposição deles que se pode conhecer melhor os valores e o rigor conceitual do arquiteto. No detalhamento do processo de construção e nos espaços humanizados que resultam se pode vislumbrar a peculiaridade de sua arquitetura.
Abrem o volume depoimentos de Lucio Costa e Oscar Niemeyer e uma entrevista longa e em tom de bate-papo dada ao arquiteto Marcelo Ferraz, coordenador editorial do livro, e a Roberto Pinho, colaborador de Lelé.
Na entrevista, Lelé diz que se considera um "subproduto" de Niemeyer e Costa, defende insistentemente a idéia de que nunca foi o "ideólogo" de nenhum dos grandes projetos em que se envolveu, fala sobre sua colaboração com Lina Bo e sobre Le Corbusier. (MG)



Livro: João Filgueiras Lima, Lelé Organização: Marcelo Carvalho Ferraz Editora: Editorial Blau e Instituto Lina Bo e P.M. Bardi Quanto: R$ 70 (268 págs.)


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