São Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Outro Canal

Daniel Castro dcastro@folhasp.com.br

Marcos Michael/JC Imagem
Foliões brincam no Carnaval em Olinda, que a Band transmitiu


Dinheiro de Pernambuco seduz a Band

A novidade do Carnaval deste ano na TV foi a abertura de espaço, pela Band, para as manifestações populares de Pernambuco.
Depois de 15 anos de exclusividade a Salvador, finalmente a Band cedeu aos apelos do governo pernambucano, comprador de uma cota de patrocínio (R$ 8,5 milhões na tabela).
Houve protestos na Bahia. Diante do "glass studio" da Band em Barra-Ondina (Salvador), o músico Alexandre Peixe disse ao vivo e em rede nacional que estava "indignado" porque a emissora não transmite mais de Campo Grande -outro ponto de concentração de trios elétricos baianos.
Não é bem assim. A Band continua em Campo Grande, mas mostra pouco, porque agora tem de revezar Salvador com Olinda e Recife. E o áudio em Campo Grande é péssimo. Parece pirata.
A Band apanhou para transmitir o Carnaval pernambucano, muito diferente do soteropolitano, no qual já tem know-how de cobertura.
Em Olinda, os blocos não têm caminhão de som, o que prejudica a captação de áudio. Os foliões apenas vão e voltam, o que não tem a menor graça na TV.
Em Recife, a emissora se postou diante do palco do maior pólo carnavalesco da cidade. Exibiu de shows de artistas consagrados a apresentações folclóricas. Mas a iluminação e captação de áudio ainda têm muito o que melhorar.

SALVE, JORGE
Patrocinadores das transmissões da Band, os governadores de Pernambuco e Bahia foram paparicados. Ao da Bahia, Jacques Wagner, o repórter perguntou qual era a diferença do Carnaval de 2007 para o de 2008, ambos "maravilhosos". Diante de tanta generosidade, o político nem se importou em ser chamado de Jorge Wagner (jogador do São Paulo).

FOLIA SHOPPING
O Carnaval da Band é um grande shopping. Uma geladeira de cerveja compõe o cenário do estúdio de Salvador. Um repórter leva o nome de refrigerante. Outro, de um creme dental, dá brindes a beijoqueiros. Os apresentadores pedem lances para o "leilão" de um carro e anunciam a venda de vídeos, músicas e fotos pelo celular.

FALASTRÕES
Âncoras da Globo no Rio de Janeiro, Cléber Machado e Maria Beltrão iniciaram as transmissões falando sem parar. Ficou a impressão de que queriam provar que não só estudaram os enredos, mas também história e mitologia.

OVER
A Globo estreou um telão imenso no sambódromo do Rio, onde exibe as marcas de seus patrocinadores. Além dos "efeitos visuais", as escolas têm que dividir espaço na tela com a "globeleza" e logomarcas.

ÉTICA PROTESTANTE
Na Record, o Carnaval se resume ao camarote de uma cervejaria no Rio, que patrocina a transmissão. Já os telejornais abrem alas para as tragédias.


Texto Anterior: José Simão
Próximo Texto: Programação de TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.