São Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2008

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Capixaba faz filme de zumbis no mangue

DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia é tão boa que só mesmo o terror que é fazer um filme no Brasil explica ela não ter sido executada antes: um manguezal destruído pela poluição acaba contaminando os pescadores que nele se sustentam, transformando-os em zumbis.
Esse é o mote de "Mangue Negro", longa de terror que o capixaba Rodrigo Aragão, 31, gravou no quintal de sua casa, numa aldeia de pescadores de Guarapari (ES), com uma equipe técnica de sete pessoas e R$ 50 mil conseguidos com um amigo produtor, sem leis de incentivo ou patrocínio.
"Comecei o "Mangue" sem um centavo. Fiz os primeiros 15 minutos com todos trabalhando de graça, produzi os primeiros bonecos em três meses", diz Aragão à Folha, por telefone.
"Depois desse início, um amigo resolveu produzir. Passei 2006 e 2007 nas filmagens, agora estou na edição. Ele vai ter cem minutos e será lançado no Fantaspoa em 1º/8", diz, referindo-se ao Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, cuja quarta edição tem inscrições abertas (www.clubedecinema.com/fantaspoa).
O making of disponível no YouTube (procure por "Sob a Lama do Mangue Negro") dá uma mostra do talento de Aragão para a maquiagem de efeitos especiais: seus zumbis são muito bem feitos (deixam qualquer mutante de novela no chinelo), ainda mais levando-se em conta as condições (fez tudo sozinho) e o orçamento.

Vida de artista
"Meu pai era dono de cinema e mágico, meu irmão é artista plástico. Comecei a fazer maquiagem com coisa de cozinha quando era criança, com 12 anos já assustava minhas tias. Sozinho, fui me aperfeiçoando, virei o doido do bairro", conta.
Aos 17, trabalhou em seu primeiro filme profissionalmente, como maquiador de efeitos. Em 2000, montou o projeto "Mausoléu", espetáculo teatral de terror, itinerante, que rodou por Minas, Espírito Santo e Bahia. "Desmaiamos 19 pessoas em dois meses em BH."
Quando o projeto acabou, voltou a Guarapari e começou a fazer curtas independentes, como o "Chupa-Cabras" -feito com R$ 300, em um fim de semana, disponível no YouTube.
Daí partiu para "Mangue Negro", que ainda não tem distribuição acertada. "A linha de terror que faço é com muito sangue, aquele exagero típico dos anos 80, tipo o "Fome Animal" de Peter Jackson."

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