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Capixaba faz filme de zumbis no mangue
DA REPORTAGEM LOCAL
A idéia é tão boa que só mesmo o terror que é fazer um filme no Brasil explica ela não ter
sido executada antes: um manguezal destruído pela poluição
acaba contaminando os pescadores que nele se sustentam,
transformando-os em zumbis.
Esse é o mote de "Mangue
Negro", longa de terror que o
capixaba Rodrigo Aragão, 31,
gravou no quintal de sua casa,
numa aldeia de pescadores de
Guarapari (ES), com uma equipe técnica de sete pessoas e
R$ 50 mil conseguidos com um
amigo produtor, sem leis de incentivo ou patrocínio.
"Comecei o "Mangue" sem
um centavo. Fiz os primeiros 15
minutos com todos trabalhando de graça, produzi os primeiros bonecos em três meses", diz
Aragão à Folha, por telefone.
"Depois desse início, um
amigo resolveu produzir. Passei 2006 e 2007 nas filmagens,
agora estou na edição. Ele vai
ter cem minutos e será lançado
no Fantaspoa em 1º/8", diz, referindo-se ao Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre,
cuja quarta edição tem inscrições abertas (www.clubedecinema.com/fantaspoa).
O making of disponível no
YouTube (procure por "Sob a
Lama do Mangue Negro") dá
uma mostra do talento de Aragão para a maquiagem de efeitos especiais: seus zumbis são
muito bem feitos (deixam qualquer mutante de novela no chinelo), ainda mais levando-se
em conta as condições (fez tudo sozinho) e o orçamento.
Vida de artista
"Meu pai era dono de cinema
e mágico, meu irmão é artista
plástico. Comecei a fazer maquiagem com coisa de cozinha
quando era criança, com 12
anos já assustava minhas tias.
Sozinho, fui me aperfeiçoando,
virei o doido do bairro", conta.
Aos 17, trabalhou em seu primeiro filme profissionalmente,
como maquiador de efeitos.
Em 2000, montou o projeto
"Mausoléu", espetáculo teatral
de terror, itinerante, que rodou
por Minas, Espírito Santo e Bahia. "Desmaiamos 19 pessoas
em dois meses em BH."
Quando o projeto acabou,
voltou a Guarapari e começou a
fazer curtas independentes, como o "Chupa-Cabras" -feito
com R$ 300, em um fim de semana, disponível no YouTube.
Daí partiu para "Mangue Negro", que ainda não tem distribuição acertada. "A linha de
terror que faço é com muito
sangue, aquele exagero típico
dos anos 80, tipo o "Fome Animal" de Peter Jackson."
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