São Paulo, sexta-feira, 05 de fevereiro de 2010

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

Moda para descobrir

A estilista Fernanda Yamamoto abre multimarcas de novos designers e prepara volta de sua grife às passarelas, no Fashion Rio

O sonho de todo jovem estilista é ter uma loja própria. O de Fernanda Yamamoto foi um pouco além: ela quis criar uma multimarcas onde pudesse vender suas criações, mas também as de outros designers talentosos e pouco conhecidos. O resultado emergiu no final do ano passado, na Vila Madalena, com a loja que leva o seu nome -um espaço de 240 m2, elegante e agradável, que reúne coleções de dez marcas.
Trata-se de um dos raros lugares em São Paulo onde a compra de roupas é também um ato de descoberta.
Por exemplo: você já ouviu falar do brasiliense Sann Marcuccy? Ele cria suas peças com tecidos que foram rejeitados pela indústria, como no caso de estampas com erros de impressão. E a mineira Julia Valle, que cria looks a partir de deformações feitas na modelagem por um programa de computador? Parece extravagante, mas de fato não é. As roupas que resultaram dessas experiências são charmosas e funcionais. "Eu quis reunir trabalhos autorais fortes e de pessoas que não tinham pontos de venda em São Paulo", explica Fernanda.
A seleção não é nada fácil, não apenas por causa do critério "autoral", mas também porque, para ela, as roupas precisam satisfazer o consumidor. "Não basta ser só criativo. As roupas têm de agradar. A brasileira, por exemplo, valoriza a sensualidade e o corpo, o que é muito natural. Não adianta fechar os olhos a esse fato", diz.
Outra vantagem da loja é que cada marca tem o seu próprio corner, o que permite entender melhor a proposta de cada coleção. "Nas multimarcas, geralmente os produtos ficam misturados, impedindo que o consumidor consiga ver a coerência de uma coleção", afirma Fernanda, que é uma defensora ferrenha do "preço justo". "Não quero ter aqui os preços absurdos que cobram por aí", garante. O preço médio de um vestido na loja é R$ 400.
Um dos nomes mais talentosos revelados pelo extinto evento Rio Moda Hype, a paulista Fernanda, 30, formou-se em administração na Fundação Getúlio Vargas e estava fadada a cuidar do principal negócio de sua família: a Hiroshima, fábrica de roupas vendidas por catálogo -a segunda maior do país no gênero.
Pouco a pouco, porém, passou a se interessar mais pela criação fashion do que pelos cálculos administrativos. Decidiu fazer faculdade de moda na Faap e, depois, um curso de dois anos na famosa escola Parsons, de Nova York. "Lá, as pessoas levam a sério a formação técnica, que é fundamental. No Brasil, as escolas ainda são fracas nesse aspecto", diz.
O contato com o estilista Jum Nakao, num curso de pós-graduação, deslanchou sua carreira de criadora de moda. Foi convidada para integrar o Rio Moda Hype e agora organiza o retorno de sua grife às passarelas, no próximo Fashion Rio.
O ateliê de criação de Fernanda fica no andar superior da loja, permitindo que ela exerça estas duas funções de que gosta: a de estilista e a de vendedora. "Acho importante atender a compradora, para conhecer bem o que ela deseja", diz. Ela conta que abre e fecha a loja diariamente -inclusive aos sábados.
Tanto empenho é mais um sinal de que Fernanda não tem nada a ver com essas garotas que ultimamente resolveram brincar de lojinha e de modinha pelo Brasil afora.


FERNANDA YAMAMOTO

Endereço: Rua Aspicuelta, 441, tel. 0/ xx/11/3032-7200
Funcionamento: seg. a sex, de 10h às 19h, sábados, das 11h às 18h


com VIVIAN WHITEMAN



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