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A cantora portuguesa Né Ladeiras, que apresenta o show "Afinidades"

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
free-lance para a Folha

A cantora portuguesa Né Ladeiras, 39, volta a se encontrar com o compositor Chico César no palco, hoje e amanhã, quando apresenta o show "Afinidades". Chico César cantará duas músicas (ainda não definidas) como participação especial.
Hoje, na apresentação que abre uma série de shows na Casa Portugal, preparando os festejos dos 500 anos do Brasil, e amanhã, em evento para convidados na Portuguesa de Desportos, Né Ladeiras mostrará músicas do cancioneiro de seu país e um resumo de sua carreira, iniciada nos anos 70.
Nascida no Porto e criada em Coimbra, trazendo na bagagem dez discos gravados -cinco deles solo-, parcerias e projetos para o futuro, Né Ladeiras falou à Folha.

Folha - Como surgiu a parceria com Chico César e o "Afinidades"?
Né Ladeiras - Foi engraçado. Uma amiga em São Tomé e Príncipe que me indicou. Disse que iria gostar da instrumentação. A seguir vim a São Paulo e comprei dois CDs, "Aos Vivos" e "Cuscuz Clã". Amei e quando vi já estávamos juntos na Expo 98 (feira internacional ocorrida em Lisboa), quando nasceu o show e descobrimos afinidades no jeito de ser, na paixão pela África e pela diversidade musical, além da coincidência de que ambos somos nordestinos em nossos países.
Folha - O que traz o show?
Né Ladeiras - Cantarei músicas do Chico como "Beradeiro" e ele provavelmente cantará canções de meu país. O repertório traz ainda "Mama África" e "À Primeira Vista" -de Chico- "Fonte do Salgueirinho", "A Capela" e "Çirigoça", além de outras canções lusitanas, além de instrumentos que vão da percussão à gaita de fole.
Folha - Outros artistas, como Maria Bethânia e Mísia, também aprovam a parceria Brasil-Portugal. Por que só agora ela está surgindo?
Né Ladeiras - Saudades. Ficamos quase dez anos sem nos falar. Na minha opinião acho que foi por culpa do governo. Portugal se preocupou muito com a União Européia e se esqueceu da África e do Brasil. Hoje vejo portas se abrirem.
Folha - Qual sua linha musical?
Né Ladeiras - Não canto rock, pop ou música ligeira. Apresento música tradicional portuguesa, exceto fado. São ritmos e experiências que recolho desde os 6 anos, quando comecei a cantar em certames. Trago a influência de ritmos e compositores de todo lugar e dos grupos por onde passei, como a Brigada Vítor Jara e o Trovante, com músicas portuguesas, até a Banda do Casaco, mais experimental. Minha música é portuguesa e busca o universal.
Folha - Quais são seus planos?
Né Ladeiras - Além da agenda de shows, tenho dois projetos. O primeiro é a conclusão de um novo disco, que fala de religiosidade e paganismo. O outro se refere a um trabalho com o Chico, em que abordaremos as mulheres dos navegantes nos séculos 14 e 15.

Show: Afinidades Com: Né Ladeiras e Chico César Quando: hoje, às 21h Onde: Casa de Portugal (av. Liberdade, 602, tel. 279-5166) Quanto: R$ 10 Patrocinador: Banco Bandeirantes - Caixa Geral de Depósitos


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