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Bajofondo amplia suas sonoridades em novo CD
Grupo que ganhou Oscar flerta com punk e faz parceria com Nelly Furtado
Coletivo rio-platense criado por Gustavo Santaolalla começa turnê em 12 de abril, na Bélgica, e chega ao Brasil em maio
DENISE MOTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE MONTEVIDÉU
Cinco anos, um Grammy latino e -desde o último dia 25-
dois Oscar separam o primeiro
trabalho do então coletivo de
laboratório Bajofondo Tango
Club de "Mar Dulce", novo álbum que a agora rebatizada
banda lança em março.
A primeira diferença, visível,
é que o "Tango Club" foi eliminado da assinatura do grupo. A
segunda, audível e causa da primeira, é que na dúzia de faixas
do recém-terminado disco o
gênero de Carlos Gardel, apesar de continuar a ser a bússola,
abre caminho para que ascendam outros estilos: punk, rock,
candombe (espécie de samba
uruguaio) estão na base das
canções.
A terceira mudança, orgânica, é que se o Bajofondo ("submundo" em espanhol) nasceu
como um duo formado pelo argentino Gustavo Santaolalla e
pelo uruguaio Juan Campodónico -produtores e compositores que convidaram Luciano
Supervielle para assumir os teclados e os pick-ups e que depois agregaram artistas como
Martín Ferrés (bandoneón),
Javier Casalla (violino), Gabriel
Casacuberta (contrabaixo),
Adrián Sosa (bateria) e Verónica Loza (vocais, manipulação
de imagens e iluminação)-,
hoje a formação opera conjuntamente e trabalha na criação
de todas as composições.
Por fim, a notoriedade advinda dos prêmios se faz palpável
nos créditos -o "submundo"
abandonou definitivamente as
sombras. De "Mar Dulce" participam estrelas regionais e internacionais como Nelly Furtado, que canta em espanhol e em
inglês um punk rock com música de Supervielle.
No corte final do CD, a banda
optou pela versão em castelhano. Outro convidado é o bandeonista japonês Ryota Komatsu, que toca o primeiro single a ser divulgado no Rio da
Prata, "Pa" Bailar".
Os convites foram idéia e
obra de Santaolalla -"bioscarizado" pela trilha sonora de "Babel", com 29 anos de trabalho
nos Estados Unidos e mais de
três décadas no cenário internacional, produzindo grupos
como o mexicano Café Tacuba
e diversas outras revelações latino-americanas, como o colombiano Juanes e a mexicana
Julieta Venegas.
"Os prêmios têm nos ajudado
bastante. Naturalmente isso
abre muitas portas. Nossa música se tornou mais conhecida
do que nós mesmos. Em filmes,
publicidade, programas televisivos, até em noticiários noturnos nossa música está. Isso nos
permitiu tocar e ser bem-recebidos nos mais diversos lugares", diz Supervielle.
A banda começa a turnê de
"Mar Dulce" no próximo dia 12
de abril. O ponto de partida será Bruxelas, seguido de paradas
na Inglaterra -com apresentações em Brighton e no Barbican
de Londres- e na Holanda. No
Brasil, a banda vai aterrissar
em maio.
MAR DULCE
Artista: Bajofondo
Lançamento: Surco/Universal
(março)
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