São Paulo, segunda-feira, 05 de março de 2007

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Bajofondo amplia suas sonoridades em novo CD

Grupo que ganhou Oscar flerta com punk e faz parceria com Nelly Furtado

Coletivo rio-platense criado por Gustavo Santaolalla começa turnê em 12 de abril, na Bélgica, e chega ao Brasil em maio

DENISE MOTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MONTEVIDÉU

Cinco anos, um Grammy latino e -desde o último dia 25- dois Oscar separam o primeiro trabalho do então coletivo de laboratório Bajofondo Tango Club de "Mar Dulce", novo álbum que a agora rebatizada banda lança em março.
A primeira diferença, visível, é que o "Tango Club" foi eliminado da assinatura do grupo. A segunda, audível e causa da primeira, é que na dúzia de faixas do recém-terminado disco o gênero de Carlos Gardel, apesar de continuar a ser a bússola, abre caminho para que ascendam outros estilos: punk, rock, candombe (espécie de samba uruguaio) estão na base das canções.
A terceira mudança, orgânica, é que se o Bajofondo ("submundo" em espanhol) nasceu como um duo formado pelo argentino Gustavo Santaolalla e pelo uruguaio Juan Campodónico -produtores e compositores que convidaram Luciano Supervielle para assumir os teclados e os pick-ups e que depois agregaram artistas como Martín Ferrés (bandoneón), Javier Casalla (violino), Gabriel Casacuberta (contrabaixo), Adrián Sosa (bateria) e Verónica Loza (vocais, manipulação de imagens e iluminação)-, hoje a formação opera conjuntamente e trabalha na criação de todas as composições.
Por fim, a notoriedade advinda dos prêmios se faz palpável nos créditos -o "submundo" abandonou definitivamente as sombras. De "Mar Dulce" participam estrelas regionais e internacionais como Nelly Furtado, que canta em espanhol e em inglês um punk rock com música de Supervielle.
No corte final do CD, a banda optou pela versão em castelhano. Outro convidado é o bandeonista japonês Ryota Komatsu, que toca o primeiro single a ser divulgado no Rio da Prata, "Pa" Bailar".
Os convites foram idéia e obra de Santaolalla -"bioscarizado" pela trilha sonora de "Babel", com 29 anos de trabalho nos Estados Unidos e mais de três décadas no cenário internacional, produzindo grupos como o mexicano Café Tacuba e diversas outras revelações latino-americanas, como o colombiano Juanes e a mexicana Julieta Venegas.
"Os prêmios têm nos ajudado bastante. Naturalmente isso abre muitas portas. Nossa música se tornou mais conhecida do que nós mesmos. Em filmes, publicidade, programas televisivos, até em noticiários noturnos nossa música está. Isso nos permitiu tocar e ser bem-recebidos nos mais diversos lugares", diz Supervielle. A banda começa a turnê de "Mar Dulce" no próximo dia 12 de abril. O ponto de partida será Bruxelas, seguido de paradas na Inglaterra -com apresentações em Brighton e no Barbican de Londres- e na Holanda. No Brasil, a banda vai aterrissar em maio.


MAR DULCE
Artista:
Bajofondo
Lançamento: Surco/Universal (março)


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