São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Mostra relembra chegada da família real

Exposição no Rio, com gravuras, mapas e músicas, revê o impacto da vinda da corte ao país em 1808 LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Quando d. João, príncipe regente de Portugal, pôs os pés no Rio de Janeiro em 8 de março de 1808, a cidade de estrutura precaríssima começou a se transformar para fazer jus ao status de capital de um império. E o Brasil, uma imensa colônia fragmentada, deu os primeiros passos para se tornar um país -ainda que também precaríssimo. O foco da exposição "Rio de Janeiro, Capital de Portugal", que o público pode ver a partir de hoje no Arte Sesc, no Rio, é o impacto que a cidade e o país sofreram há 200 anos com a vinda para cá da família real. "Imagine como, na época, os portugueses da corte viram o Rio e como as pessoas que viviam aqui viram aqueles portugueses. Foi um grande choque", afirma a arquiteta Heloisa Alves, coordenadora da mostra. O material reunido por uma equipe multidisciplinar tem várias facetas, a começar por rostos pouco conhecidos de d. João e Carlota Joaquina. O casal, freqüentemente apontado como um par de feiúras, aparece com traços mais interessantes em gravuras de autores diversos que integram uma coleção encontrada no acervo do Museu da Imagem e do Som carioca -ela foi comprada em 1966, mas estava esquecida. Outro destaque iconográfico é um mapa indicando como seria o território brasileiro se não houvesse ocorrido a unificação das capitanias (depois províncias). Na segunda metade do século 18 e na primeira do 19, movimentos de independência explodiram em algumas regiões. "Enquanto d. João estava aqui, houve uma revolução em Pernambuco, que acabou sufocada. Se a corte estivesse em Portugal, certamente o Brasil não teria a cara que tem hoje", diz Alves.
Debret e Rugendas Na mostra, há também gravuras do francês Jean-Baptiste Debret e do alemão Johann Moritz Rugendas que retratam cenas do cotidiano da cidade. "Cotidiano", aliás, é um dos cinco blocos da mostra, ao lado de "Economia/comércio", "Arte/cultura", "A cidade do Rio de Janeiro" e um dedicado ao público infanto-juvenil. "Os costumes mudaram muito, com as mulheres saindo mais de casa e sendo abertos novos estabelecimentos, como os restaurantes ou casas de pasto", ressalta Alves. A culinária aparece em receitas de pratos hoje exóticos, como macaco, lagarto e preá. E a música de então poderá ser ouvida em fones: as composições clássicas do padre José Maurício e os lundus e modinha, primeiros gêneros populares -afora os cantos de senzala. RIO DE JANEIRO, CAPITAL
DE PORTUGAL Quando: de hoje a 5/5; ter. a sáb., das 12h às 20h, e dom., das 11h às 17h Onde: Arte Sesc (r. Marquês de Abrantes, 99, Flamengo, tel. 0/xx/21/ 3138-1343) Quanto: entrada franca

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