São Paulo, sábado, 05 de março de 2011

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Carnavais desfilam pelo Acervo Folha

Arquivo digitalizado do jornal na internet mostra que festa ganhou mais espaço ao se tornar espetáculo

Com 1,8 páginas, coleção conta evolução da festa desde os pierrôs até a nudez escancarada em fotos

DE SÃO PAULO

Nas primeiras décadas do século 20, tempo de pierrôs, colombinas e corsos e quando o lança-perfume era usado por brincadeira, o Carnaval também era menos chamativo nas páginas de jornal.
Uma busca no Acervo Folha (acervo.folha.com.br), serviço que dá acesso público na internet a cerca de 1,8 milhão de páginas da "Folha da Noite", da "Folha da Manhã" e da Folha de S.Paulo desde 1921, permite ver, por exemplo, que nos primórdios os anúncios sobre o Carnaval ocupavam tanto ou mais espaço que o noticiário.
Eram propagandas de lança-perfume, como a estampada ao lado ("Folha da Manhã", 8.fev.1926), de fantasias como os "os Kimonos Japonezes" da loja "O Japão em S. Paulo" ("Folha da Noite", 21.fev.1925) ou dos "Grandes bailes do Hotel Glória", no Rio, no alto da primeira página da "Folha da Noite" de 7 de fevereiro de 1925.
Na "Folha da Manhã" de 8 de fevereiro de 1926, a cobertura carnavalesca se resumia a um terço de página.
Sob o título "Carnaval - Os bailes de hontem - As festas de hoje", o texto, mantida a grafia da época, dizia: "Momo não tem razões para se queixar. Os foliões da Pauliceia, com a aproximação do triduo, vão-se animando e, empolgados pelo enthusiasmo, esquecem as aperturas, "cavam" uns cobres e caem na farra, que é um gosto... Os bailes de hontem estiveram animadíssimos".
As notas então descreviam cada baile, informando que: no Casino, "a macacada maxixeira rodopiou pelo salão que foi um gosto"; no Apollo, "até velhotes, coroneis de longa data, tiveram tremeliques nas gambias e deram para saccolejar"; e, no Camisa Verde, que "o antigo cordão dos homens de cor tem ensaiado a mais não poder".
Nos anos 40, o jornal trazia também letras das músicas tocadas na festa daquele ano, como "Catharina", marcha de Roberto Martins e Oswaldo Santiago, e "Upa! Upa! (A canção do trolinho)", de Ary Barroso ("Folha da Manhã", 6.fev.1940)
A edição de 10 de fevereiro de 1959 da "Folha da Manhã" mostra uma considerável mudança. Um chamada na capa reclamava que o Carnaval de rua estava morrendo e remetia para um texto interno sobre um incidente com Jayne Mansfield num baile do Copacabana Palace, quando a atriz americana teve o bustiê arrancado.
"Jayne Mansfield declarou à reportagem que da próxima vez que vier ao Rio para assistir ao carnaval aparecerá em público "envolta em uma armadura de cavaleiro medieval'" -era o parágrafo inicial da reportagem.
O chegada da TV, o desenvolvimento da fotografia e a profissionalização das escolas de samba fizeram o Carnaval aumentar seu espaço no jornal, às vezes ocupando a capa quase toda (como a Folha de 27.fev.68, no alto).
Para quem se interessa pela história do Carnaval paulistano, uma das pérolas do acervo é um texto do dramaturgo Plínio Marcos em 13 de fevereiro de 1977, no caderno "Folhetim", no qual ele fala dos cordões, que precederam as escolas de samba, e relembra pioneiros como Vassourinha, Dionísio Camisa Verde e Pato N'Água.


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