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TELEVISÃO
Conhecida pelo drama familiar "Casamento à Indiana", cineasta agora faz crônica da sociedade americana
Mira Nair encara os "exóticos" anos 80
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN
Primeiro foi a atmosfera de exotismo dos costumes familiares da
Índia que Mira Nair empacotou
em forma de filme chique, em seu
premiado "Casamento à Indiana"
(2001). Agora, a cineasta indiana
volta-se aos EUA e a uma época
que, aos olhos de hoje, parece tão
exótica como sua distante terra
natal, os anos 80, em todas as suas
cores e seus exageros.
O elenco de "Hysterical Blindness" (cegueira histérica) é convidativo -Uma Thurman, Juliette
Lewis, Gena Rowlands e o veterano Ben Gazzara- e chega a ser
um desperdício num filme que
não é mais do que mediano.
A história se passa em New Jersey, onde duas mulheres às voltas
dos 30 desesperam-se (o "histérico" do título não é uma hipérbole) na busca do tal homem ideal. A
crença de que o príncipe encantado fará sua salvadora aparição no
Ollie's, sujo bar local infestado de
tipos suspeitos encostados no balcão, leva-as a freqüentar o lugar.
Vestem blusas de oncinha, jeans
justíssimos e desbotados e cabelão tipo escova e dançam ao som
de uma trilha que acaba sendo o
melhor que a produção oferece,
ao lado da atuação de Thurman.
Oportunidade única para ouvir
de novo "clássicos" já varridos pelo tempo, como "Last Night a DJ
Saved My Life" (Indeep) e "Ain't
Nobody" (Chaka Khan), além de
um onipresente Bruce Springsteen. A trilha diz um tanto sobre a
"sedução" na época. Há um momento em que uma das garotas
pergunta à outra que música deve
colocar para impressionar um tipo por quem está interessada. A
resposta: "Qualquer coisa do Zeppelin, não pode dar errado".
Debbie (Thurman) vive em
conflito com a mãe (Rowlands),
uma senhora que trabalha numa
daquelas típicas lanchonetes
americanas, servindo café aguado
a senhores barrigudos.
Até que Debbie se interessa por
um dos desclassificados que freqüentam o Ollie's e passa a fantasiar de uma maneira doentia uma
história de amor. Thurman tem
uma atuação brilhante ao traduzir
o esforço de imaginação que Debbie faz para se convencer de que
ele é o homem de sua vida, a tal
"cegueira histérica".
Mas apesar da diretora badalada e do elenco estrelado, "Hysterical Blindness" é apenas um filme
televisivo para mulheres que se
apóia nos clichês de sempre, homens que não ligam, melhores
amigas que não falham etc.
Vale sim pela viagem musical e
por Uma Thurman. Mas, para
conferir a habilidade da atriz ao
interpretar uma mulher tomada
pelo furor de uma obsessão, o melhor é esperar por "Kill Bill", de
Quentin Tarantino, que é muito
mais divertido e já já estréia aqui.
HYSTERICAL BLINDNESS. EUA, 2002.
Direção: Mira Nair. Com: Uma Thurman,
Gena Rowlands, Juliette Lewis. Quando:
estréia hoje, às 21h, no HBO (reprises
dias 9, às 22h45, e 13, às 19h15).
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