São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

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Grotowski estudou relação público-ator

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Três anos antes de sua morte, o diretor e teórico polonês Jerzy Grotowski (1933-1999) apresentou na Pinacoteca do Estado, em São Paulo, um de seus experimentos cênicos, cujo fundamento é essencial para compreender a aproximação entre ator e espectador. Os convidados -Grotowski chamava-os de testemunhas- tinham lugares determinados, de onde não poderiam sair.
O trabalho, aqui chamado de "A Criação", não era um espetáculo, dizia o diretor. Era uma experiência de contato entre público e intérprete, focado em energias consideradas por ele: "Energias pesadas, mas orgânicas (ligadas a forças vitais, a instintos, a sensualidade) e outras energias, mais sutis". A experiência chegava a um extremo do conhecido "teatro pobre", criado por Grotowski nos anos 60.
A idéia de "teatro pobre" foi revolucionária ao rever a relação entre audiência e intérprete. Teve como uma de suas ferramentas a aproximação entre ator e espectador, além da anulação de cenário, figurino, luz e efeitos especiais. Em trabalhos como "Akropolis" e "Apocalypsis Cum Figuris", nos anos 50 e 60, o diretor mostrou como atores, com seus corpos apenas, podiam representar móveis, objetos, paisagens e outros elementos básicos numa peça.
A lição mudou os rumos do teatro, reafirmando-o como uma possibilidade diferente do cinema. A presença do ator era redescoberta, como uma arma única e particular. Em São Paulo, Zé Celso e Antunes Filho levaram esse fundamento como uma das verdades cruciais para seus trabalhos, guardadas as diferenças entre os dois. (GUSTAVO FIORATTI)


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