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Grotowski estudou relação público-ator
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Três anos antes de sua
morte, o diretor e teórico
polonês Jerzy Grotowski
(1933-1999) apresentou
na Pinacoteca do Estado,
em São Paulo, um de seus
experimentos cênicos, cujo fundamento é essencial
para compreender a aproximação entre ator e espectador. Os convidados
-Grotowski chamava-os
de testemunhas- tinham
lugares determinados, de
onde não poderiam sair.
O trabalho, aqui chamado de "A Criação", não era
um espetáculo, dizia o diretor. Era uma experiência de contato entre público e intérprete, focado em
energias consideradas por
ele: "Energias pesadas,
mas orgânicas (ligadas a
forças vitais, a instintos, a
sensualidade) e outras
energias, mais sutis". A experiência chegava a um
extremo do conhecido
"teatro pobre", criado por
Grotowski nos anos 60.
A idéia de "teatro pobre"
foi revolucionária ao rever
a relação entre audiência e
intérprete. Teve como
uma de suas ferramentas a
aproximação entre ator e
espectador, além da anulação de cenário, figurino,
luz e efeitos especiais. Em
trabalhos como "Akropolis" e "Apocalypsis Cum
Figuris", nos anos 50 e 60,
o diretor mostrou como
atores, com seus corpos
apenas, podiam representar móveis, objetos, paisagens e outros elementos
básicos numa peça.
A lição mudou os rumos
do teatro, reafirmando-o
como uma possibilidade
diferente do cinema. A
presença do ator era redescoberta, como uma arma única e particular. Em
São Paulo, Zé Celso e Antunes Filho levaram esse
fundamento como uma
das verdades cruciais para
seus trabalhos, guardadas
as diferenças entre os dois.
(GUSTAVO FIORATTI)
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