São Paulo, terça-feira, 05 de abril de 2011

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CRÍTICA

Peso de relato de criminoso cria violência gráfica em "O Sicário"

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

"O Sicário - Quarto 164" é um filme oral, paradão. Só um cara com o rosto coberto contando histórias da vida no México como matador, sequestrador e traficante na fronteira com os EUA.
Porém tais histórias são tão escabrosas que o documentário ganha um peso de violência gráfica, com imagens se formando na cabeça do espectador.
O jogo pode cansar após uma hora de ladainha, ainda mais quando ele insiste em desenhar num caderno ao mesmo tempo (e ele não desenha bem) ou contar coisas difíceis de acreditar, como formas medievais de tortura.
O filme é uma produção franco-italiana que surgiu de uma reportagem do americano Charles Bowden na "Harper's Magazine" em 2009.
O sicário, como são conhecidos os matadores nos cartéis de drogas, fala de um quarto de hotel de estrada, local em que ele afirma já ter torturado um sequestrado "que devia dinheiro".
Há algumas encenações, ele sempre sozinho, mostrando como entraram no quarto, como quase o afogou na banheira etc.
A atitude desafiante, se exibindo para a câmera, faz o espectador se perguntar se ele tem algum remorso.
Recrutado ainda jovem, o sicário chegou a treinar na polícia. Segundo ele, dos 200 que se formaram naquele ano, 50 estavam infiltrados por ordens do tráfico.
Talvez o mais chocante seja a complacência, dos dois lados da fronteira, das autoridades, que, segundo ele, sabem das "casas de segurança" onde são mantidos centenas de corpos.
Mas o filme não busca o outro lado, e confiamos apenas neste sicário. Hoje fugitivo, há uma recompensa de US$ 250 mil (cerca de R$ 400 mil) por sua cabeça.

O SICÁRIO - QUARTO 164

DIREÇÃO Gianfranco Rosi
QUANDO hoje, às 20h, no CCBB, no Rio; dia 10/4, às 15h, no CCBB, em São Paulo
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular


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